Paradoxos nos 'benefícios' aos incapacitados: biopolítica e saúde mental
The paradoxes of government 'benefits' in individual considered incapable: biopolitics and mental health
Las paradojas de los 'beneficios' gubernamentales cedidos a los individuos considerados incapacitados: biopolítica e salud mental
Estud. psicol. (Natal); 23 (4), 2018
Publication year: 2018
Este ensaio objetiva problematizar os paradoxos dos 'benefícios' governamentais, cedidos aos indivíduos considerados incapacitados ao trabalho, devido algum diagnóstico em saúde mental. Para tanto, utiliza do conceito de Biopolítica, proposto por Michel Foucault, contrapondo a relatos de usuários e usuárias de serviços de saúde mental. Através dessas experiências, analisam-se impasses produzidos entre os princípios da Reforma Psiquiátrica Brasileira e os métodos utilizados pelos programas de seguridade social para garantia dos 'benefícios'. Na discussão, aponta-se que o paradoxo dos direitos se torna ainda mais intenso quando as reivindicações emancipatórias no campo da subjetividade estão localizadas numa sociedade em que os Direitos Sociais, previstos em Constituição, não foram conquistados pela maioria da população brasileira. Assim, se os 'benefícios' se colocam de forma paradoxal é, também, porque boa parte da população não tem direitos garantidos e precisam obter alimentação, moradia, saúde, dentre outros, à custa da manutenção de patologias como justificativa para garantir direitos.
This essay aims to discuss the paradoxes of government 'benefits', given to individuals considered incapable of work, due to some diagnosis in mental health. For this, use the concept of Biopolitics, proposed by Michel Foucault, in opposition to reports of users of mental health services. Through these experiences, analyze impasses produced between the principles of the brazilian Psychiatric Reform and the methods used by the social security programs to guarantee benefits. In the discussion, it is pointed out that the rights paradox becomes even more intense when the emancipatory claims in the field of subjectivity are located in a society in which the Social Rights, foreseen in Constitution, were not won by the majority of the brazilian population. Thus, if the benefits are paradoxical, it is also because a large part of the population does not have guaranteed rights and needs to obtain food, shelter, health, among others, at the expense of maintaining pathologies as justification for ensure rights.
Este ensayo objetiva discutir las paradojas de los 'beneficios' gubernamentales, cedidos a los individuos considerados incapacitados al trabajo, debido a algún diagnóstico en la salud mental. Para ello, se utiliza el concepto de Biopolítica, propuesto por Michel Foucault, en contrapunto a relatos de usuarios de servicios de salud mental. A través de esas experiencias, se analizan impasses producidos entre los principios de la Reforma Psiquiátrica brasileña y los métodos utilizados por los programas de seguridad social para garantizar los beneficios. En la discusión, se apunta que la paradoja de los derechos se vuelve aún más intenso cuando las reivindicaciones emancipatorias en el campo de la subjetividad están localizadas en una sociedad en la que los Derechos Sociales, previstos en la Constitución, no fueron conquistados por la mayoría de la población brasileño. Así, si los beneficios se plantean de forma paradójal es, también, porque buena parte de la población no tiene derechos garantizados y necesitan obtener alimentación, vivienda, salud, entre otros, a costa del mantenimiento de patologías como justificación para asegurar derechos.