Rev. bras. epidemiol; 23 (), 2020
Publication year: 2020
RESUMO:
Objetivo: Comparar a distribuição de indicadores de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) entre mulheres adultas beneficiárias e não beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF) nas capitais brasileiras. Métodos:
Análise de dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) em 2016 e 2017. Foram estimados as razões de prevalência (RP) brutas e ajustadas e seus respectivos intervalos de confiança usando o modelo de regressão de Poisson. Resultados:
Mulheres do PBF tem menor escolaridade, são mais jovens e vivem com maior frequência nas regiões Nordeste e Norte do país. Prevalências mais elevadas de fatores de risco foram encontradas nas mulheres beneficiárias do PBF. A RP ajustada por idade das mulheres com BF foram:
fumantes (RP = 1,98), excesso de peso (RP = 1,21), obesidade (RP = 1,63), frutas e hortaliças (RP = 0,63), consumo de refrigerantes (RP = 1,68), consumo de feijão (RP = 1,25), prática de atividade física no lazer (RP = 0,65), atividade física no domicílio (RP = 1,35), tempo assistindo à TV (RP = 1,37), autoavaliação do estado de saúde ruim (RP = 2,04), mamografia (RP = 0,86), Papanicolau (RP = 0,91), hipertensão (RP = 1,46) e diabetes (RP = 1,66). Quando comparadas as mulheres entre estratos de mesma escolaridade, as diferenças entre os fatores de risco foram reduzidas. Conclusão:
Piores indicadores entre mulheres que recebem BF refletem desigualdades sociais inerentes a esse grupo mais vulnerável. O estudo evidencia também que o PBF está sendo destinado às mulheres mais vulneráveis.
ABSTRACT:
Objective: To compare the distribution of chronic non-communicable diseases (CNCD) indicators among adult female beneficiaries and non-beneficiaries of the Bolsa Família Program (BFP) in Brazilian capitals. Methods:
Analysis of Vigitel telephone survey data in 2016 and 2017. Gross and adjusted prevalence ratios (PR) and their respective confidence intervals were estimated using Poisson Regression model. Results:
Women with BF have lower schooling, are young people, live more frequently in the Northeast and North of the country. Higher prevalence of risk factors were found in woman receiving BF. The adjusted PR of the BF women were:
smokers (PR = 1.98), overweight (PR = 1.21), obesity (PR = 1.63), fruits and vegetables (PR = 0.63), consumption of soft drinks (PR = 1.68), bean consumption (PR = 1.25), physical activity at leisure (PR = 0.65), physical activity at home (PR = 1.35), time watching TV (PR = 1.37), self-assessment of poor health status (PR =2.04), mammography (PR = 0.86), Pap smears (PR = 0.91), hypertension (PR = 1.46) and diabetes (PR = 1,66). When women were compared among strata of the same schooling, these differences were reduced. Conclusion:
Worst indicators among women receiving BF reflect social inequalities inherent in this most vulnerable group. The study also shows that BF is being targeted at the most vulnerable women.