Cultura de avaliação e efeitos de subjetivação na saúde
Evaluation culture and effects of subjectivation in health
Cultura de la evaluación y efectos de subjetivación sobre la salud
Psicol. Estud. (Online); 22 (4), 2017
Publication year: 2017
O objetivo deste artigo é discutir a relação entre cultura da avaliação e processos de subjetivação, no campo da saúde. Trata-se de um estudo teórico sobre o tema, que trabalha aspectos históricos e conceituais da ascensão da cultura de avaliação nas sociedades contemporâneas, particularmente no setor saúde; e faz uma revisão analítica dos argumentos que circunscrevem as controvérsias que os temas da avaliação e subjetividade têm suscitado na saúde pública e fora dela, em diálogo com as contribuições de Foucault. A literatura nacional do setor da saúde é mais receptiva do que a literatura internacional nas ciências humanas. A interpretação mais corrente, em geral, é que a avaliação é um dos instrumentos de governo ou de gestão. A maior crítica é que levaria os trabalhadores a se preocuparem apenas com o que está colocado pelos indicadores, abdicando de uma interpretação mais ampliada da própria atividade. Há uma compreensão comum de que as práticas avaliativas têm por objetivo produzir mudanças subjetivas, mas também produzem efeitos subjetivos não previstos. Quanto ao desenho desses efeitos de subjetivação, há largo espectro de pontos de vista, que vão desde o fomento a subjetivações comprometidas com a mudança permanente, ao constrangimento da subjetividade e à produção dos “eus calculáveis”. Acompanhando o pensamento de Foucault, podemos reconhecer tanto efeitos de submetimento, quanto efeitos de protagonismo no uso da avaliação. O segundo caso pode levar ao aperfeiçoamento autogerido dos processos de trabalhoou à criação de espaços estratégicos nas relações de poder.
The aim of this article is to discuss the relationship between evaluation culture and subjectivation processes in the field of health. This is a theoretical study on the subject, which works on historical and conceptual aspects of the rise of the evaluation culture in contemporary societies, particularly in the health sector; we have done an analytical review on the arguments that circumscribe the controversies that the themes of evaluation and subjectivity have raised in public health and beyond, in dialogue with Foucault's contributions. The national literature in the health sector is more receptive than the international literature in the human sciences. The most common interpretation, in general, is that evaluation is one of the instruments of governanceor management. The major criticism is that it would lead workers to worry only about what is set by the indicators, giving up a broader interpretation of the activity itself. There is a common understanding that evaluative practices aim to produce subjective changes, but also produce unanticipated subjective effects. As for the design of these effects of subjectivation, there is a wide spectrum of points of view, ranging from the development to subjectivities committed to permanent change, to the constraint of subjectivity and to the production of "calculable selves". Along with Foucault's thinking, we can recognize both subjecting effects and the protagonism effects in the use of evaluation. The later, can lead to the self-improvement of work processes or the creation of strategic spaces in power relations.
El propósito de este artículo es discutir la relación entre la cultura de la evaluación y los procesos de subjetivación en el campo de la salud. Se trata de un estudio teórico sobre el tema, que investiga aspectos históricos y conceptuales del aumento de la cultura de la evaluación en las sociedades contemporáneas, especialmente en el sector de la salud; y realiza una revisión analítica de los argumentos que circunscriben las controversias que los temas de evaluación y subjetividad han planteado a la salud pública y a otras áreas, en diálogo con las contribuciones de Foucault. La literatura nacional del sector es más receptiva que la literatura internacional en las ciencias humanas. La interpretación más común, es que la evaluación es uno de los instrumentos de gobierno o de gestión. La mayor crítica es que los trabajadores sólo se preocupan por lo que establecen los indicadores, renuncian a una interpretación más amplia de la actividad en sí. Hay un entendimiento común de que las prácticas de evaluación pretenden producir cambios subjetivos, pero producen efectos subjetivos que no están previstos. En cuanto al diseño de estos efectos de subjetivación, hay un amplio espectro de puntos de vista, que van desde la promoción hasta las subjetivaciones comprometidas con el cambio permanente, al constreñimiento de la subjetividad y a la producción de los "yos calculables." Siguiendo el pensamiento de Foucault, podemos reconocer tanto los efectos de sometimiento, como los efectos de protagonismo en el uso de la evaluación. El segundo caso puede conducir a la creación de espacios estratégicos en las relaciones de poder.