Amorosidade como princípio das práticas de saúde orientadas pela educação popular: um estudo bibliográfico
Lovingness as a principle of health practices guided by popular education: a bibliographical study

Rev. APS; 21 (4), 2018
Publication year: 2018

A amorosidade tem se expressado historicamente como um dos princípios constituintes das práticas de saúde orientadas pela perspectiva teóricometodológica da Educação Popular (EP), figurando, inclusive, como um dos princípios da Política Nacional de Educação Popular em Saúde no Sistema Único de Saúde (PNEP-SUS). No entanto, existem ainda poucas sistematizações de experiências e aprofundamentos teóricos sobre esse princípio, seus caminhos, obstáculos e expressão na prática. Nesse contexto, o presente artigo se dedicou à explicitação de elementos constituintes da amorosidade. Para tanto, procedeu-se com um estudo bibliográfico com levantamento qualitativo da ocorrência das expressões amor e amorosidade em produções organizadas por coletivos nacionais de EP em Saúde e pelo Ministério da Saúde. Os resultados identificaram uma crescente utilização da amorosidade nessas publicações, particularmente, no período após a aprovação da PNEP-SUS. A amorosidade fundamenta (do ponto de vista ético), delineia (do ponto de vista estético) e refina (do ponto de vista metodológico) a constituição de um agir crítico, compromissado e humanizador no trabalho em saúde, o qual é inspirado e mobilizado pelo amor. É capaz de contribuir para a superação de limites do fazer profissional, particularmente aqueles impostos pelo olhar tecnicista. Nas práticas à luz da amorosidade, desenvolve-se um espaço que tanto é terapêutico como de promoção de bem estar, por meio de abordagens caracterizadas pelo encontro intersubjetivo, pelo diálogo entre sujeitos, pela presença acolhedora, pela escuta autêntica e por um processo de cuidado centrado no humano e em suas complexidades. Chama-se atenção para a necessidade de novos estudos e para um aprofundamento a respeito desse princípio nas práticas de saúde, dada sua relevância qualitativa no processo de compreensão e de construção de estratégias de promoção da saúde e de cuidado integral.
Lovingness has historically been expressed as one of the constituent principles of health practices guided by the theoretical-methodological perspective of Popular Education (PE), including as one of the principles of the National Policy of Popular Education in Health in the Single Health System (Sistema Único de Saúde - PNEP-SUS). However, there are still few systematizations of experiences and theoretical insights on this principle, its paths, obstacles and expression in practice. In this context, the present article is dedicated to the explanation of the constituent elements of lovingness. For that, a bibliographic study was carried out with a qualitative survey of the occurrence of the expressions of love and lovingness in productions organized by PE national collectives in Health and by the Ministry of Health. The results identified a growing use of lovingness in these publications, particularly in the period after the approval of the PNEP-SUS. Lovingness references (from the ethical point of view), delineates (from the aesthetic point of view) and refines (from the methodological point of view) the constitution of a critical, committed and humanizing action in health work, which is inspired and mobilized by love. It is able to contribute to overcoming the limits of professional performance, particularly those imposed by the technicist view. In the practices in the light of lovingness, it is developed a space that is both therapeutic and guided by the well-being, through approaches characterized by the intersubjective encounter, the dialogue between subjects, the welcoming presence, authentic listening and a care process centered on the human and its complexities. Attention should be drawn to the need for further studies and a deeper understanding of this principle in health practices, given its qualitative relevance in the process of understanding and building strategies for health promotion and integral care.

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