Sci. med. (Porto Alegre, Online); 30 (1), 2020
Publication year: 2020
Objetivo:
o transporte de crianças gravemente doentes envolve particularidades que aumentam o risco de complicações. O objetivo foi investigar o impacto de complicações registradas durante o transporte na mortalidade geral e na taxa de alta hospitalar.
Método:
estudo realizado em duas etapas. A primeira foi um estudo transversal, no qual, através de entrevista padronizada, dirigida ao médico que admitiu essas crianças, foram identificadas potenciais complicações ocorridas durante o transporte. Três médicos independentes auditaram esses dados. A segunda etapa foi uma coorte prospectiva onde os pacientes divididos em dois grupos (com e sem complicações no transporte) foram seguidos prospectivamente.
Resultados:
143 crianças foram incluídas no estudo. Pelo menos uma complicação durante o transporte foi observada em 74 delas (52%). A complicação mais prevalente foi relacionada a falhas no monitoramento e nos dispositivos (42%). A ocorrência de complicações no transporte foi associada a maior mortalidade hospitalar (Hazard ratio - HR): 5,60; intervalo de confiança de 95% (IC95%): 1,26 - 26,65; p=0,013) e a menor taxa de alta hospitalar (HR: 0,48; IC95%: 0,31 - 0,74; p = 0,0007). Após regressão de Cox para ajuste de fatores de confusão, a presença de complicações permaneceu associada à mortalidade hospitalar (HR: 6,74; IC95%: 1,40 - 32,34); p = 0,017), porém deixou de se associar com a taxa de alta hospitalar (HR: 0,76; IC95%: 0,49 - 1,16; p=0,213).
Conclusão:
presença de complicações durante o transporte pediátrico foi frequente na região metropolitana de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. A ocorrência de complicações foi um preditor independente de mortalidade hospitalar.
Aims:
Transport of critically ill children involves particularities that increase the risk of complications. The objective was to investigate the impact of these complications recorded during transport on overall mortality and hospital discharge rate.
Method:
Two-step study: the first was a cross-sectional study, in which, through standardized interviews with the doctor who admitted these children, potential complications during transport were identified. Three independent doctors audited this data. The second step was a prospective cohort, where patients divided into two groups (with and without transport complications) were followed prospectively.
Results:
One hundred and forty-three children were included in the study. At least one complication during transport was observed in 74 of them (52%). The most frequent complication was related to monitoring and device failures (42%). The occurrence of transport complications was associated with higher hospital mortality (Hazard ratio (HR): 5.60; 95% confidence interval (95%CI: 1.26 - 26.65; p = 0.013) and the lowest hospital discharge rate (HR: 0.48; 95%CI: 0.31 - 0.74; p = 0.0007). After Cox regression to adjust for confounding factors, the presence of complications remained associated with hospital mortality (HR: 6.74; 95%CI: 1.40 - 32.34; p = 0.017), but no remained associated with hospital discharge rate (HR: 0.76; 95%CI: 0.49 - 1.16; p = 0.213).
Conclusion:
The presence of complications during pediatric transport was frequent in metropolitan region of Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil. The occurrence of complications was an independent predictor for hospital mortality.