Fatores Associados ao Atraso entre o Diagnóstico e o Início do Tratamento de Câncer de Mama: um Estudo de Coorte com 204130 Casos no Brasil
Factors Associated with Delay between Diagnosis and Initiation of Breast Cancer Treatment: a Cohort Study with 204130 Cases in Brazil
Factores Asociados con el Retardo entre el Diagnóstico y el Inicio del Tratamiento del Cáncer de Mama: un Estudio de Cohorte con 204130 Casos en Brasil

Rev. bras. cancerol; 66 (3), 2020
Publication year: 2020

Introdução:

O câncer de mama é considerado um problema de saúde pública, tendo crescente incidência mundial. Diversos fatores contribuem para o diagnóstico tardio e dificultam o início do tratamento, repercutindo em um pior prognóstico.

Objetivos:

Analisar o intervalo de tempo entre o diagnóstico e o início do primeiro tratamento oncológico na população brasileira, além de avaliar os fatores associados aos maiores intervalos.

Método:

Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo com 540.529 pacientes cadastrados no Sistema de Registros Hospitalares de Câncer (SisRHC)no período de 2000 a 2017. Utilizou-se como desfecho o intervalo de tempo entre o diagnóstico e o início do primeiro tratamento oncológico, considerando-se como atraso o intervalo maior do que 60 dias. Para análise das variáveis, foram realizadas análise descritiva e regressão logística simples (IC95%; p<0,05).

Resultados:

Foram analisados 204.130 casos que apresentaram média de idade de 55,8 anos (±13,24), sendo predominantemente do sexo feminino (99,1%), 55,1% eram da Região Sudeste e 71,4% residiam em cidades não capitais. A mediana do intervalo de tempo entre o diagnóstico e o início do primeiro tratamento oncológico foi de 63 dias (variação interquartil = 36-109). As variáveis sociodemográficas, clínicas e relacionadas ao tratamento mostraram impacto no intervalo de tempo, com exceção da variável sexo.

Conclusão:

O tempo entre o diagnóstico e o início do primeiro tratamento oncológico foi elevado. Fatores sociodemográficos, clínicos e relacionados ao tratamento influenciam nos intervalos de tempo. Identificá-los precocemente pode contribuir para o direcionamento de ações a esses grupos mais vulneráveis ao atraso.
Breast cancer is considered a public health problem with an increasing incidence worldwide. Several factors contribute to late diagnosis and hinder the initiation of the treatment, resulting in a worse prognosis.

Objectives:

To analyze the time interval between diagnosis and the beginning of the first oncologic treatment in the Brazilian population, in addition to assessing the factors associated with the longest time intervals.

Method:

Retrospective cohort study with 540,529 patients registered in the Hospital Cancer Registry System (SisRHC) from 2000 to 2017. The outcome was the time between diagnosis and the beginning of the first oncologic treatment, considering the interval greater than 60 days as delay. Descriptive analysis and simple logistic regression were performed (95% CI; p <0.05) to analyze the variables.

Results:

204,130 cases were analyzed, mean age of 55.8 years (± 13.24), predominantly females (99.1%), 55.1% were from the southeast region and 71% lived in non-capital cities. The median of the time interval between diagnosis and the beginning of the first oncologic treatment was 63 days (interquartile range = 36-109). Sociodemographic, clinical and treatment-related variables affect the time interval, except the gender variable.

Conclusion:

The time between diagnosis and the beginning of the first oncologic treatment was high. Sociodemographic, clinical and treatment-related factors influence time intervals. Their early identification can contribute to guide the actions toward these most vulnerable groups to delay.

Introducción:

El cáncer de mama se considera un problema de salud pública con una incidencia mundial creciente. Varios factores contribuyen al diagnóstico tardío y dificultan el inicio del tratamiento, resultando en un peor pronóstico.

Objetivos:

Analizar el intervalo de tiempo entre el diagnóstico y el comienzo del primer tratamiento oncologico en la población brasileña, además de evaluar los factores asociados con los intervalos de tiempo más largos.

Método:

Este es un estudio de cohorte retrospectivo con 540.529 pacientes registrados en el Hospital Cancer Registry System (SisRHC) desde 2000 hasta 2017. El resultado fue el intervalo de tiempo entre el diagnóstico y el comienzo del primer tratamiento oncologico, considerando como retraso el intervalo superior a 60 días. Para el análisis de las variables, se realizó un análisis descriptivo y una regresión logística simple (IC 95%; p <0,05).

Resultados:

Se analizaron 204,130 casos, con una edad media de 55,8 años (±13,24), predominantemente mujeres (99,1%), 55,1% de la región sureste y 71,4% residentes en ciudades no capitales.La mediana del intervalo de tiempo entre el diagnóstico y el comienzo del primer tratamiento contra el cáncer fue de 63 días (rango intercuartil = 36-109). Las variables sociodemográficas, clínicas y relacionadas con el tratamiento tuvieron un impacto en el intervalo de tiempo, con la excepción de la variable de género.

Conclusión:

El intervalo de tiempo promedio entre el diagnóstico y el comienzo del primer tratamiento oncologico fue alto. Además, se observó que los factores sociodemográficos, clínicos y relacionados con el tratamiento influyen en los intervalos de tiempo, por lo que identificarlos temprano puede contribuir a acciones directas para estos grupos más vulnerables al retraso.

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