Serviços abertos e fechados no tratamento do abuso de álcool e outras drogas do ponto de vista do(as) usuário(as)
Open and closed services in the treatment of alcohol and other drugs from the user point of view

Saúde Soc; 29 (2), 2020
Publication year: 2020

Resumo A desinstitucionalização visa ao resgate da cidadania das pessoas em sofrimento psíquico e usuárias de drogas, usando uma rede ampliada de serviços que propicie o cuidado integral. Este artigo tem como objetivo discutir como as modalidades de tratamento ofertadas pelos serviços de saúde mental da rede formal de saúde contribuem, ou obstaculizam, o processo de desinstitucionalização a partir da análise da integralidade do cuidado. Para tal foram utilizadas as técnicas da história de vida e da observação participante. A análise dos dados se pautou numa perspectiva hermenêutica crítica e reflexiva das narrativas e das práticas cotidianas desses sujeitos. Os resultados apontaram que o funcionamento dos serviços fechados está mais afinado aos modelos jurídico-moral e médico de análise do uso de drogas e mais distante dos princípios da integralidade, cumprindo papéis relacionados às desigualdades sociais e ausência de políticas públicas. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) estão mais próximos aos modelos psicossocial e sociocultural, caminhando no sentido de uma prática integral em saúde. Tais resultados apontam para a necessidade de futuras pesquisas que aprofundem a função desses serviços na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), a disseminação e o financiamento crescentes de serviços fechados no Brasil e seus efeitos na desinstitucionalização de usuários(as) de drogas.
Abstract Deinstitutionalization is meant to rescue the citizenship of people in psychological distress and use of drugs, by using an expanded network of services that provide integral care. This article is aimed at discussing how the treatment modalities offered by mental health services in the formal health network contribute to or prevent the deinstitutionalization process by analyzing integral care. To accomplish this task we used the techniques life history and participant observation. We analyzed the data based on critical and reflective hermeneutic perspectives of the subjects' narratives and daily practices. The results showed that the functioning of closed services is more in tune with the legal-moral and medical models of drug use analysis and more distant from the principles of integrality, fulfilling roles related to social inequalities and the absence of public policies. The Psychosocial Care Center (CAPS) is closer to the psychosocial and socio-cultural models, moving towards an integral health practice. Such results point to the need of future research to deepen the role of these services in the Psychosocial Care Network (RAPS), the increasing dissemination and financing of closed services in Brazil and their effects on the deinstitutionalization of drug users.

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