A metamorfose e o campo da saúde mental de trabalhadores: uma análise bakthiniana
The metamorphosis and the field of the mental health of workers: a Bakhtinian analysis

Ciênc. Saúde Colet. (Impr.); 25 (9), 2020
Publication year: 2020

Resumo Este artigo teve como objetivo analisar o dialogismo entre a narrativa de Franz Kafka em "A Metamorfose" e as práticas discursivas acerca da saúde mental do trabalhador. A partir da perspectiva teórico-metodológica pautada em Mikhail Bakhtin, este estudo desenvolveu uma análise discursiva da narrativa de Kafka frente ao conjunto de conceitos da Ergonomia da Atividade e da Psicodinâmica do Trabalho. Foram utilizados, particularmente, os conceitos de "dialogismo" e "gênero de discurso" em Bakhtin por permitirem o estudo do texto e da realidade social simultaneamente. Os resultados desta análise, com base nesses referenciais do campo da Saúde Mental e Trabalho, indicaram que as relações dialógicas se estabeleceram em dois eixos principais: a invisibilidade do sofrimento do trabalhador e as estratégias de defesa e renormatizações do trabalhador; aspectos que indicam, portanto, um ponto de convergência entre o discurso sobre saúde mental presente na literatura, o que emerge do ambiente de trabalho e os saberes acadêmicos que passam a ser tecido sobre essas realidades. O artigo destaca a obra de Kafka como uma peça num cenário mais amplo de formação de uma prática discursiva já consagrada atualmente nomeada de saúde mental e trabalho.
Abstract The scope of this paper is to analyze the dialogism between the narrative of Franz Kafka in "The Metamorphosis" and the discursive practices surrounding the mental health of the worker. Based on the theoretical/methodological perspective postulated by Mikhail Bakhtin, this study conducted a discursive analysis of Kafka's narrative based on the concepts of the Ergonomics of Activity and the Psychodynamics of Labor. In particular, the concepts of "dialogism" and "gender of discourse" in Bakhtin were used because they enable the study of the text and the social reality simultaneously. The results of this analysis, based on references from the field of Mental Health and Work, indicated that dialogical relations were established in two main areas: the invisibility of the suffering of the worker; and the strategy of defense and redefinition of the worker. These aspects, therefore, indicate a point of convergence between the discourse on mental health present in literature, which emerges from the work environment, and the academic knowledge that becomes imbued with these realities. The paper highlights Kafka's work as a component in a broader setting of an already established discursive practice, currently referred to as mental health and work.

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