A mentira terapêutica e o silenciamento do idoso e do morrer
Therapeutic lying and silencing of the elderly and dying
Mentir terapéutico y silenciar a los ancianos y la muerte

Sex., salud soc. (Rio J.); (35), 2020
Publication year: 2020

Resumo Um importante dispositivo do poder médico pode ser caracterizado pela atitude paternalista frente ao paciente, estabelecendo uma relação assimétrica na qual o médico possui o conhecimento necessário para definir o melhor para o paciente. A bioética busca minimizar essa assimetria através da ideia de que o paciente possui o direito de consentir sobre as intervenções que serão (ou não) realizadas em seu corpo. Porém, uma situação comum para algumas especialidades médicas é o recurso da mentira terapêutica. O presente artigo busca refletir sobre o uso da mentira terapêutica a partir da análise de um caso viés etnográfico. A análise realizada evidencia a mentira terapêutica enquanto um desdobramento do ocultamento da morte e do morrer. Além disto, possibilita a reflexão sobre o processo de apagamento da capacidade de autonomia e de consentimento entre idosos como resultado da individualidade e da independência enquanto valores fundamentais para a sociedade moderna contemporânea.
Abstract An important device of medical power can be characterized by the paternalistic attitude towards the patient, establishing an asymmetric relationship in which the doctor has the necessary knowledge to define the best for the patient. Bioethics seeks to minimize this asymmetry through the idea that the patient has the right to consent to interventions that will be (or not) performed on their body. However, a common situation for some medical specialties is the use of therapeutic lying. This article reflects on the use of therapeutic lying based on the analysis of an ethnographic bias case. The analysis carried out shows the therapeutic lie as an unfolding from the concealment of death and dying. In addition, it enables reflection on the process of erasing the capacity for autonomy and consent among the elderly as a result of individuality and independence as fundamental values for modern contemporary society.
Resumen Un dispositivo importante de poder médico puede caracterizarse por la actitud paternalista hacia el paciente, estableciendo una relación asimétrica en la que el médico tiene los conocimientos necesarios para definir lo mejor para el paciente. La bioética busca minimizar esta asimetría a través de la idea de que el paciente tiene derecho a consentir las intervenciones que se realizarán (o no) en su cuerpo. Sin embargo, una situación común para algunas especialidades médicas es el uso de la mentira terapéutica. Este artículo busca reflexionar sobre el uso de la mentira terapéutica a partir del análisis de un caso de sesgo etnográfico. El análisis realizado muestra la mentira terapéutica como un despliegue del encubrimiento de la muerte y el morir. Además, permite reflexionar sobre el proceso de borrado de la capacidad de autonomía y consentimiento de las personas mayores como resultado de la individualidad y la independencia como valores fundamentales para la sociedad contemporánea moderna.

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