Há lugar para a avaliação colangioscópica na estenose biliar anastomótica pós-transplante hepático de doador cadáver?
Is there a place for cholangioscopic evaluation of biliary anastomotic stricture after deceased donor liver transplant?
Arq. gastroenterol; 57 (4), 2020
Publication year: 2020
ABSTRACT BACKGROUND Biliary complications remain one of the most important causes of morbidity and graft loss after liver transplant (LT). Endoscopic therapy of biliary complications has proven to be effective over time, leaving surgical treatment restricted to only very few cases. However, we cannot yet predict which patients will have the greatest potential to benefit from endoscopic treatment. OBJECTIVE On this premise we decide to conduct this study to evaluate the role and safety of single operator cholangioscopy (SOC) in the endoscopic treatment of post-LT biliary anastomotic strictures (AS).
METHODS:
Between March/2016 and June/2017, 20 consecutive patients referred for endoscopic treatment for biliary anastomotic stricture were included in this prospective observational cohort study. Inclusion criteria were age over 18 years old, and a deceased LT performed within at least 30 days. Exclusion criteria were non-anastomotic biliary stricture, biliary leakage, cast syndrome, any previous endoscopic therapy, pregnancy and inability to provide informed consent. All patients underwent SOC before endoscopic therapy with fully covered self-expandable metal stent (FCSEMS) and after stent removal.RESULTS:
At pre-treatment SOC, stricture orifice and fibrotic changes could be visualized in all patients, vascular changes and surgical sutures in 60% and acute inflammatory changes in 30%. SOC was essential for guidewire placement in five cases. FCSEMS was successfully deployed in all patients. Stricture resolution rate was 44.4% (median stent indwelling 372 days). Stricture recurrence was 12.5% (median follow-up of 543 days). Adverse events were distal (66.6%) and proximal (5.5%) stent migration, stent occlusion (16.6%), severe abdominal pain (10%) and mild acute pancreatitis (10%). SOC was repeated after FCSEMS removal. Post-treatment SOC showed fibrotic changes in all but one patient; vascular and acute inflammatory changes were less frequent in comparison to index procedure. The disappearance of suture material was remarkable. None of the cholangioscopic findings were statistically correlated to treatment outcome or stricture recurrence.CONCLUSION:
Endoscopic retrograde cholangiography with SOC is feasible in post-LT patients with AS. Cholangioscopic findings can be classified into fibrotic, vascular and acute inflammatory changes. Cholangioscopy may be helpful to assist guidewire passage, but Its overall role for changing management is post-LT patients was not demonstrated.RESUMO CONTEXTO:
As complicações biliares continuam sendo uma das principais causas de morbidade e perda do enxerto após o transplante hepático. O tratamento endoscópico das complicações biliares provou ser eficaz ao longo do tempo, deixando o tratamento cirúrgico restrito a casos de exceção. No entanto, ainda não podemos prever quais pacientes terão maior potencial de se beneficiar da terapia endoscópica.OBJETIVO:
Nesta premissa, decidimos realizar este estudo para avaliar o papel e a segurança da colangioscopia peroral de operador único (CPO) no tratamento endoscópico das estenoses anastomóticas biliares (EA) pós-transplante hepático.MÉTODOS:
Entre março de 2016 e junho de 2017, 20 pacientes consecutivos encaminhados para tratamento endoscópico da EA biliar foram incluídos neste estudo prospectivo de coorte observacional. Os critérios de inclusão foram idade superior a 18 anos e um transplante hepático de doador falecido realizado há pelo menos 30 dias. Pacientes com estenose biliar não anastomótica, fístula biliar, "cast" síndrome, qualquer terapia endoscópica prévia, gravidez e incapacidade de fornecer consentimento informado foram excluídos. Todos os pacientes foram submetidos à CPO antes da terapia endoscópica com prótese metálica autoexpansível totalmente coberta (PMAEC) e após a sua remoção.RESULTADOS:
Na CPO realizada antes do tratamento endoscópico, o orifício de estenose e alterações fibróticas foram visualizadas em todos os pacientes, alterações vasculares e a presença de suturas cirúrgicas em 60%, enquanto alterações inflamatórias agudas em 30%. A CPO foi determinante para a transposição do fio-guia através da estenose em cinco casos. Uma PMAEC foi implantada com sucesso em todos os pacientes. A taxa de resolução da estenose foi de 44,4% (tempo médio de permanência de 372 dias). A recorrência da EA foi de 12,5% (acompanhamento médio de 543 dias). Os eventos adversos foram migração distal (66,6%) e proximal (5,5%) da prótese metálica, oclusão da PMAEC (16,6%), dor abdominal intensa (10%) e pancreatite aguda leve (10%). A CPO foi repetida após a remoção da PMAEC. A colangioscopia realizada após o tratamento endoscópico mostrou alterações fibróticas em todos, exceto em um paciente; alterações vasculares e inflamatórias agudas foram menos frequentes em comparação à CPO inicial. O desaparecimento do material de sutura, observado em todos os casos, foi notável. Nenhum dos achados colangioscópicos foram estatisticamente correlacionados ao resultado do tratamento ou à recorrência de estenose.CONCLUSÃO:
A colangioscopia peroral é viável nos pacientes pós-transplante hepático com estenose biliar anastomótica. Os achados colangioscópicos podem ser classificados em alterações inflamatórias agudas, fibróticas e vasculares. A colangioscopia pode ser útil para auxiliar na passagem do fio-guia, mas seu papel geral na mudança de tratamento nos pacientes pós-transplante hepático não foi demonstrado.
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