Deambulação precoce após angioplastia transluminal coronária por acesso femoral - Relato de dois casos
Early ambulation after femoral percutaneous transluminal angioplasty - Report of 02 cases

Rev. Pesqui. Fisioter; 9 (1), 2019
Publication year: 2019

INTRODUÇÃO:

No Brasil e no mundo ainda é abundante o número de serviços hospitalares que restringe a realização de exercício nos indivíduos submetidos à angioplastia transluminal coronária (ATC), no período pós-operatório imediato, por receio de complicações. É importante demonstrar que a Fisioterapia cardiovascular pode ser realizada nessa população.

OBJETIVO:

Verificar os efeitos adversos no desempenho da deambulação precoce após ATC, com o uso de um dispositivo mecânico de oclusão arterial na punção femoral.

POPULAÇÃO E MÉTODOS:

Relato de dois casos (um homem de 68 anos e uma mulher de 57 anos) submetidos à ATC de um único vaso (artéria coronária direita e ramo diagonal, respectivamente) que tiveram sua punção realizada por via femoral, associada ao dispositivo de fechamento arterial Angio-Seal- St. Jude Medical®, que receberam alta do hospital após seis horas do término da intervenção. Os pacientes apresentavam, antes da ATC, angina estável e fatores de risco cardiovascular (dislipidemia, hipertensão e outros). Após a ATC, os pacientes foram avaliados pela equipe, que monitorava intercorrências durante a internação (dor no peito, desconforto ventilatório, eletrocardiograma, enzimas cardíacas e outras). A marcha dos indivíduos era verificada, no sentido de se avaliar a tolerância dos indivíduos à mesma, após cinco horas da realização da ATC. Os indivíduos eram orientados a caminhar em ritmo leve (Borg modificado entre 1-3) por cinco minutos em um corredor de aproximadamente 15 metros, em movimentos de ida e volta, sendo avaliados após a deambulação quanto ao surgimento de hematoma no sítio da punção, dores ou quaisquer complicações que surgissem. No primeiro dia de pós-operatório foi realizado um telefonema para segunda checagem de complicações.

RESULTADOS:

Ambos toleraram a realização dos cinco minutos de marcha e foram liberados do hospital após seis horas, deambulando sem intercorrências. Um dos pacientes referiu cefaleia de baixa intensidade durante a internação. A mesma paciente referiu dor de baixa intensidade no local da punção arterial no dia seguinte. Não se verificaram alterações clinicamente relevantes nos parâmetros cardiovasculares ou ventilatórios durante as seis horas de internação pós-operatória ou durante a deambulação.

CONCLUSÃO:

A realização de deambulação precoce dentro de seis horas após a ATC foi bem tolerada nos dois casos estudados, mesmo com o sítio de acesso arterial femoral. O uso de dispositivo mecânico de fechamento arterial foi importante para que se pudesse realizar a deambulação nessa população.

INTRODUCTION:

In Brazil and around the world, there is still an abundance of hospital services that restrict exercise in individuals undergoing percutaneous coronary interventions (PCI), in the immediate postoperative period, for fear of complications. It is important to demonstrate that cardiovascular physical therapy can be performed in this population.

OBJECTIVE:

To verify the adverse effects in the performance of early ambulation after PCI, with the use of a mechanical device of arterial closure in the femoral puncture.

POPULATION AND METHODS:

Two cases (68-years-old man and 57-years-old woman) submitted to a single-vessel coronary artery (right coronary artery and diagonal branch, respectively) that had their femoral puncture associated with the device Angio-Seal - St. Jude Medical©, who were discharged from the hospital six hours after the intervention. Before PCI, patients had stable angina and cardiovascular risk factors (dyslipidemia, hypertension, and others). After the PCI, the patients were evaluated by the Heart Team, who monitored intercurrences during hospitalization (chest pain, ventilatory discomfort, electrocardiogram, cardiac enzymes and others). The gait of the individuals was verified, in order to evaluate the tolerance of the individuals to the same, after five hours of the PCI. Individuals were advised to walk in a light rhythm (modified Borg 1-3) for five minutes in a corridor of approximately 15 meters, in round-trip movements, and were evaluated after ambulation for hematoma at the puncture site, pain or any complications that might arise. On the first postoperative day, a telephone call was made for a second complication check.

RESULTS:

Both patients tolerated the five-minute walk and were released from the hospital after six hours, wandering uneventfully. One of the patients reported low-intensity headache during hospitalization. The same patient reported low-intensity pain at the puncture site the next day. There were no clinically relevant changes in cardiovascular or ventilatory parameters during the six hours postoperative hospitalization or during ambulation.

CONCLUSION:

Early ambulation within six hours after PCI was well tolerated in the two cases studied, even with the femoral artery access site. The use of a mechanical device for arterial closure was important so that the ambulation could be carried out in this population.

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