Alimentação fora de casa e biomarcadores de doenças crônicas em adolescentes brasileiros
Eating away from home and biomarkers for chronic noncommunicable diseases in Brazilian adolescents
Alimentación fuera de casa y biomarcadores de enfermedades crónicas en adolescentes brasileños

Cad. Saúde Pública (Online); 37 (1), 2021
Publication year: 2021

Objetivou-se avaliar a relação entre o consumo de alimentos fora de casa e alterações em biomarcadores de doenças crônicas em adolescentes brasileiros. Trata-se de um estudo transversal em que foram utilizados os dados do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), conduzido com 36.956 adolescentes, em 2013/2014. A relação entre consumir alimentos fora de casa e cada desfecho de interesse (hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, hiperglicemia, elevada hemoglobina glicada e hiperinsulinemia) foi testada por modelos de regressão logística ajustados por idade, rede de ensino da escola, atividade física e tempo de uso de telas. Dados de consumo alimentar foram obtidos pela aplicação do recordatório referente às 24h anteriores (R24h), analisando o consumo de energia, açúcar de adição, sódio, potássio, fibras, frutas, verduras, arroz, feijão, sanduíches, bolos, sobremesas, chocolates e refrigerantes. Foi encontrado que 53,2% dos adolescentes consumiam alimentos fora de casa. A alimentação fora de casa apresentou relação inversa com hiperinsulinemia (OR = 0,65; IC95%: 0,46-0,92) e hiperglicemia (OR = 0,46; IC95%: 0,30-0,71), entre meninos, e hipertensão (OR = 0,71; IC95%: 0,55-0,92) e hiperglicemia (OR = 0,57; IC95%: 0,34-0,96), entre meninas. Entretanto, o consumo de calorias, açúcar de adição, sanduíches, sobremesas e refrigerantes foi maior nos adolescentes que consumiam alimentos fora de casa. O papel protetor da alimentação fora de casa em indicadores bioquímicos nos adolescentes pode ser em função de um maior consumo da alimentação escolar, mais frequente entre os adolescentes que consumiam alimentos fora de casa, destacando a importância do estímulo ao consumo da alimentação escolar.
The study aimed to assess the relationship between food consumption away from home and alterations in biomarkers for chronic noncommunicable diseases in Brazilian adolescents. This cross-sectional study used data from the Study of Cardiovascular Risk Factors in Adolescents (ERICA), conducted in 36,956 adolescents in 2013/2014. The relationship between food consumption away from home and each target outcome (hypertriglyceridemia, hypercholesterolemia, hyperglycemia, high glycated hemoglobin, and hyperinsulinemia) was tested with logistic regression models adjusted for age, school system (public versus private), physical activity, and screen time. Data on food consumption were obtained with a 24-hour diet recall (24HR), analyzing consumption of energy, added sugar, sodium, potassium, fiber, fruits, vegetables, rice, beans, sandwiches, cakes, dessert, chocolates, and sodas. The results showed that 53.2% of adolescents consumed foods away from home. Eating away from home showed an inverse relationship with hyperinsulinemia (OR = 0.65; 95%CI: 0.46-0.92) and hyperglycemia (OR = 0.46; 95%CI: 0.30-0.71) in boys and hypertension (OR = 0.71; 95%CI: 0.55-0.92) and hyperglycemia (OR = 0.57; 95%CI: 0.34-0.96) in girls. However, the consumption of calories, added sugar, sandwiches, desserts, and sodas was higher in adolescents that consumed foods away from home. The protective role of eating away from home, as measured by biochemical indicators in adolescents, may be a function of higher consumption of school meals, which was more frequent among adolescents that consumed food away from home, thus highlighting the importance of encouraging consumption of school meals.
El objetivo de la investigación fue evaluar la relación entre el consumo de alimentos fuera de casa y las alteraciones en biomarcadores de enfermedades crónicas en adolescentes brasileños. Se trata de un estudio transversal, en el que se utilizaron los datos del Estudio de Riesgos Cardiovasculares en Adolescentes (ERICA), realizado con 36.956 adolescentes, en 2013/2014. La relación entre consumir alimentos fuera de casa y cada resultado de interés (hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, hiperglucemia, elevada hemoglobina glicada e hiperinsulinemia) se probó mediante modelos de regresión logística ajustados por edad, red de enseñanza de la escuela, actividad física y tiempo de uso de pantallas. Se obtuvieron datos del consumo alimentario mediante la aplicación del recordatorio referente a las 24h anteriores (R24h), analizando el consumo de energía, azúcar añadido, sodio, potasio, fibras, frutas, verduras, arroz, frijoles, sándwiches, bizcochos, postres, chocolates y refrescos. Se encontró que un 53,2% de los adolescentes consumían alimentos fuera de casa. La alimentación fuera de casa presentó una relación inversa con la hiperinsulinemia (OR = 0,65; IC95%: 0,46-0,92) e hiperglicemia (OR = 0,46; IC95%: 0,30-0,71) entre chicos, e hipertensión (OR = 0,71; IC95%: 0,55-0,92) e hiperglicemia (OR = 0,57; IC95%: 0,34-0,96) entre chicas. Sin embargo, el consumo de calorías, azúcar añadido, sándwiches, postres y refrescos fue mayor en los adolescentes que consumían alimentos fuera de casa. El papel protector de la alimentación fuera de casa en indicadores bioquímicos en los adolescentes puede ser en función de un mayor consumo de merienda escolar, más frecuente entre los adolescentes que consumían alimentos fuera de casa, destacando la importancia del estímulo al consumo de la merienda escolar.

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