Infecções sexualmente transmissíveis em mulheres afrodescendentes de comunidades quilombolas no Brasil: prevalência e fatores associados
Sexually transmissible infections in African-descendant women in maroon communities in Brazil: prevalence and associated factors
Enfermedades de transmisión sexual en mujeres afrodescendientes de comunidades quilombolas en Brasil: prevalencia y factores asociados

Cad. Saúde Pública (Online); 37 (2), 2021
Publication year: 2021

Resumo:

O objetivo do estudo foi estimar a prevalência de infecções sexualmente transmissíveis (IST) e fatores associados sobre mulheres quilombolas no Brasil. Trata-se de estudo transversal de base populacional com mulheres quilombolas no período de março de 2017 a janeiro de 2019. Utilizou-se um questionário com informações sociodemográficas, comportamentais e clínicas. Foi realizado exame ginecológico para coleta de células cervicais para citologia oncótica e para detecção de Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Trichomonas vaginalis e papilomavírus humano (HPV), por meio de teste de reação em cadeia pela polimerase. Foi realizado teste rápido para HIV e sífilis. O desfecho principal foi definido como a infecção por um ou mais agentes infecciosos de transmissão sexual. Para a análise, utilizou-se o teste do qui-quadrado e regressão logística hierárquica. De um total de 380 mulheres, 352 (92,6%) foram incluídas no estudo. A prevalência de, pelo menos, uma IST foi de 18,5% (IC95%: 14,76-22,85). A maior prevalência foi de 11,1% por HPV, seguido de 6,3% por T. vaginalis e de 4,3% por C. trachomatis. Não houve nenhum caso de N. gonorrhoeae. Para o HIV, a prevalência foi de 0,3%, e de sífilis foi de 4,3%. A citologia cervicovaginal estava alterada em 7,7%. A detecção de uma ou mais IST foi significativamente associada a idade entre 25 e 44 anos (OR = 2,33; IC95%: 1,05-5,18), a consumo de álcool (OR = 1,96; IC95%: 1,06-3,64), a resultado alterado da citologia (OR = 3,96; IC95%: 1,65-9,48) e a vaginose bacteriana (OR = 3,61; IC95%: 2,01-6,47). Em mulheres quilombolas houve elevada prevalência de uma ou mais IST, o que torna importante a elaboração de estratégias de prevenção direcionadas a essas mulheres.

Abstract:

The study aimed to estimate the prevalence of sexually transmissible infections (STIs) and associated factors in women in quilombola (maroon) communities in Brazil. This was a population-based cross-sectional study of quilombola women from March 2017 to January 2019. A questionnaire was used with sociodemographic, behavioral, and clinical information. A gynecological examination was performed for the collection of uterine cervical cells for oncotic cytology and the detection of Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Trichomonas vaginalis, and human papillomavirus (HPV) via polymerase chain reaction. Rapid tests for HIV and syphilis were performed. The main outcome was defined as infection with one or more sexually transmissible pathogens. The analysis used chi-square test and hierarchical logistic regression. From a total of 380 women, 352 (92.6%) were included in the study. Prevalence of at least one STI was 18.5% (95%CI: 14.76-22.85). The highest prevalence was for HPV, with 11.1%, followed by 6.3% for T. vaginalis and 4.3% for C. trachomatis. There were no cases of N. gonorrhoeae. Prevalence was 0.3% for HIV and 4.3% for syphilis. Cervical-vaginal cytology was altered in 7.7% of the women. Detection of one or more STIs was significantly associated with age 25 to 44 years (OR = 2.33; 95%CI: 1.05-5.18), alcohol consumption (OR = 1.96; 95%CI: 1.06-3.64), altered cervical cytology (OR = 3.96; 95%CI: 1.65-9.48), and bacterial vaginosis (OR = 3.61; 95%CI: 2.01-6.47). Quilombola women showed high prevalence of one or more STIs, emphasizing the importance of organizing prevention strategies targeted to these women.

Resumen:

El objetivo del estudio fue estimar la prevalencia de enfermedades de transmisión sexual (ETS) y sus factores asociados en mujeres quilombolas en Brasil. Estudio transversal de base poblacional con mujeres quilombolas durante el período de marzo de 2017 a enero de 2019. Se utilizó un cuestionario con información sociodemográfica, comportamental y clínica. Se realizó un examen ginecológico, a fin de recoger células cervicales para la citología oncótica, así como para la detección de Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Trichomonas vaginalis, y virus del papiloma humano (VPH) mediante un test de reacción en cadena de la polimerasa. Se realizó un test rápido para VIH y sífilis. El resultado principal, se definió como infección por uno o más agentes infecciosos de transmisión sexual. Para el análisis, se utilizó el test de chi-cuadrado y regresión logística jerárquica. De un total de 380 mujeres, 352 (92,6%) se incluyeron en el estudio. La prevalencia de por lo menos una ETS fue de 18,5% (IC95%: 14,76-22,85). La mayor prevalencia fue por VPH 11,1%, seguida de 6,3% por T. vaginalis y 4,3% por C. trachomatis. No hubo casos de N. gonorrhoeae. Para el VIH, la prevalencia fue de 0,3% y de sífilis fue de 4,3%. La citología cérvico-vaginal estaba alterada en un 7,7%. La detección de una o más ETS estuvo significativamente asociada con la edad entre 25 a 44 años (OR = 2,33; IC95%: 1,05-5,18), el consumo de alcohol (OR = 1,96; IC95%: 1,06-3,64), resultado alterado de la citología (OR = 3,96; IC95%: 1,65-9,48) y vaginosis bacteriana (OR = 3,61; IC95%: 2,01-6,47). Las mujeres quilombolas presentaron una elevada prevalencia por una o más ETS, por lo que es importante la elaboración de estrategias de prevención dirigidas a estas mujeres.

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