A função constitutiva da voz e o poder da música no tratamento do autismo
La función constitutiva de la voz y el poder de la música en el tratamiento del autismo
The constitutive function of voice and the power of music in the treatment of autism

Psicol. Estud. (Online); 26 (), 2021
Publication year: 2021

RESUMO. O artigo parte de uma experiência de pesquisa sobre o tratamento psicanalítico em grupo de crianças autistas, para refletir acerca da presença de mais de um analista no setting. A interação entre os analistas favorece uma abordagem não diretiva, permitindo à criança que ela se aproxime espontaneamente, sem ser forçada a um contato que pode ser sentido como extremamente angustiante pelo autista. Ademais, constatam-se os efeitos da voz como suporte para os próprios interventores, que dialogam, brincam e cantam entre eles, suscitando uma animação libidinal capaz de mobilizar a criança autista. A música que circula nas brincadeiras de roda veicula tanto aspectos simbólicos da cultura quanto o real do gozo de alíngua. Em um caso particular, a prosódia do canto mostrou-se uma forma imaginária específica de tratar a dimensão real da voz que invade o sujeito autista. Servindo-se de canções populares como objetos de mediação, foi possível orientar o tratamento a partir de uma solução que veio do próprio sujeito, que, antecipado neste ato, pode ouvir a invocação para advir. Evidencia-se assim, também no autismo, o papel do objeto pulsional voz para a constituição subjetiva.
RESUMEN. El artículo parte de una experiencia de investigación sobre el tratamiento psicoanalítico en grupo de niños autistas, para pensar se a propósito de la presencia de más de un analista en el setting. La interacción entre analistas favorece un abordaje no directivo, permitiendo que el niño se acerque espontáneamente, sin ser forzado a un contacto que puede ser extremadamente angustiante para el autista. Además, se constatan los efectos de la voz como soporte para los propios interventores, que dialogan, juegan y cantan entre sí, evocando una animación liminal capaz de movilizar el niño autista. La música que circula en las cirandas transmite tanto los aspectos simbólicos de la cultura cuanto el real del goce de la lengua. En un caso particular, la prosodia del canto se ha mostrado una forma imaginaria específica de tratar la dimensión real de la voz que invade el sujeto autista. Haciendo uso de canciones populares como objetos de mediación, fue posible guiar el tratamiento a partir de una solución proveniente del propio sujeto, que, anticipado en este acto, puede escuchar la invocación para venir a ser. Se evidencia así, también en el autismo, el papel del objeto pulsional voz para la constitución subjetiva.
ABSTRACT. Based on a research experience regarding the psychoanalytical group treatment of autistic children, the article reflects on the presence of more than one analyst in the setting. The interaction between analysts favors a non-directive approach, enabling the child to take action spontaneously, without being forced to a contact that can be extremely unsettling for the autist. Furthermore, one observes the effects of voice as a support for the caretakers, who talk, play and sing with each other, eliciting a libidinal excitement able to involve the autistic child. The music that reverberates through the circle games transmits both the symbolic aspects of culture and the real of la langue's jouissance. In a particular case, the singing prosody revealed itself to be a specific imaginary way to treat the real of voice which invades the autistic subject. Using folk songs as mediation objects, it was possible to conceive a treatment direction that took into account a solution that sprung from the subject, who, anticipated in this act, can hear the invocation to arise. Thus, one evidences, also in autism, the role of voice as pulsional object in the subjective constitution.

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