Acontecimento e ato: reflexões da psicanálise sobre as repercussões de Maio de 1968
Event and act: reflections of psychoanalysis on the repercussions of May 1968
Événement et acte: réflexions de la psychanalyse sur les répercussions de mai 1968
Acontecimiento y acto: reflexiones del psicoanálisis sobre las repercusiones de Mayo del 1968
Psicol. USP; 32 (), 2021
Publication year: 2021
Resumo O artigo surge da inquietação de psicanalistas diante do sucesso ou fracasso dos movimentos sociais como resposta à atual crise institucional, política e social.
Destacamos o dilema epistemológico e político presente na indagação que percorreu o movimento de Maio de 1968:
as estruturas descem ou não para a rua? O caminho adotado é examinar os efeitos do movimento e cotejá-los com as concepções teóricas de Lacan. O saldo que obtemos desse balanço crítico foi considerar Maio de 1968 como um acontecimento que nos lembra de que é possível estruturar uma nova forma de política. Nomear a vergonha dos excessos nos laços sociais de nosso tempo pode conferir dignidade ao significante e produzir um ponto de basta pela dimensão da ética e da singularidade. Tal posição produz giro discursivo, incitado pela coragem de ter uma idéia e a possibilidade de reinvenção do laço social por sucessivas subversões e revoluções.
Abstract Our article results from the concern of psychoanalysts about the success or failure of social movements as a response to the current institutional, political and social crisis.
We emphasize the epistemological and political dilemma present in the question that went through the May 1968 movement:
after all, do structures reflect on the streets or not? To answer this question, we examined the effects of the movement a posteriori and compared them with Lacan's theoretical work. Based on this critical balance, we consider May 68 as a reminder that structuring a new form of politics is possible. Naming the shame of excesses in the social ties of our time may confer dignity to the signifier and produce a sufficient point by the dimension of ethics and uniqueness. Such a position produces a discursive twist, incited by the courage to have an idea and the possibility of reinventing the social bond by successive subversions and revolutions.
Résumé L'article découle de la préocupation des psychanalystes face au succès ou à l'échec des mouvements sociaux en réponse à la crise institutionnelle, politique et sociale actuelle.
Nous soulignons le dilemme épistémologique et politique dans la question qui a traversé le mouvement de mai 1968:
enfin, les structures descendent ou non dans la rue? La voie adoptée consiste à examiner les effets du mouvement a posteriori et à les comparer avec les conceptions théoriques de Lacan. Le résultat que nous obtenons de ce bilan critique a été de considérer mai 1968 comme un événement qui nous rappelle qu'il est possible de structurer une nouvelle politique. Nommer la honte des excès dans les liens sociaux de notre temps peut donner de la dignité au signifiant et produire un point de suffisance pour la dimension de l'éthique et de singularité. Une telle position produit un tournant discursif, encouragé par le courage d'avoir une idée et la possibilité de réinventer le lien social par des subversions et des révolutions successives.
Resumen El artículo surge de la inquietud de psicoanalistas frente al éxito o fracaso de los movimientos sociales como una respuesta a la actual crisis institucional, política y social.