Excesso de mortes por causas respiratórias em oito metrópoles brasileiras durante os seis primeiros meses da pandemia de COVID-19
Excess deaths from respiratory causes in eight Brazilian metropolises during the first six months of the COVID-19 pandemic
Exceso de muertes por causas respiratorias en ocho metrópolis brasileñas durante los seis primeros meses de la pandemia de COVID-19
Cad. Saúde Pública (Online); 37 (5), 2021
Publication year: 2021
Resumo:
No Brasil, um dos países mais afetados pela pandemia de COVID-19, dados de mortalidade não refletem a real cifra de óbitos pela doença. O objetivo deste estudo é estimar o excesso de mortes por causas respiratórias e suas trajetórias durante os seis primeiros meses da epidemia de COVID-19, em adultos com 20 anos e mais de oito metrópoles regionais do Brasil. Estudo ecológico em que mortes por causas respiratórias (influenza, pneumonias, bronquites, outras doenças pulmonares obstrutivas crônicas, insuficiência respiratória aguda ou crônica, insuficiência respiratória ou transtorno respiratório não especificado e outras mortes codificadas com sintomas respiratórios) foram extraídas do Sistema de Informações sobre Mortalidade. Óbitos esperados foram estimados com modelos aditivos generalizados quasipoisson. Entre 23 de fevereiro e 8 de agosto de 2020, foram registradas 46.028 mortes por causas respiratórias nas 8 cidades e excesso de 312% (IC95%: 304-321). Manaus (Amazonas), apresentou o maior excedente, 758% (IC95%: 668-858) e São Paulo o menor, 174% (IC95%: 164-183). Foi detectado precoce excesso nas Semanas Epidemiológicas (SE) 9-12 em Belém (Pará), Fortaleza (Ceará) e São Paulo. Em geral, o excesso de mortes, em termos relativos, foi maior dos 40-59 anos e em homens. A mortalidade excedente foi regionalmente heterogênea, com 2.463% (IC95%: 1.881-3.281) nas SE 17-20 em Manaus (Região Norte) e 808% (IC95%: 612-1.059) nas SE 28-32 em Curitiba (Paraná, Região Sul). O elevado e heterogêneo percentual de mortes respiratórias excedentes sugere alta subnotificação de óbitos por COVID-19, reforça as desigualdades regionais e a necessidade de revisão das mortes associadas a sintomas respiratórios.
In Brazil, one of the countries most heavily affected by the COVID-19 pandemic, mortality data fail to reflect the real number of deaths from the disease. The study aimed to estimate excess deaths from respiratory causes and their trends during the first six month of the COVID-19 epidemic in adults 20 years or older in eight regional metropolises in Brazil. In this ecological study, deaths from respiratory causes (influenza, pneumonias, bronchitis, other chronic obstructive pulmonary diseases, acute or chronic respiratory failure, respiratory failure or respiratory disorder not otherwise specified, and other deaths coded with respiratory symptoms) were extracted from the Mortality Information System. Expected deaths were estimated with quasi-Poisson generalized additive models. From February 23 to August 8, 2020, 46,028 deaths from respiratory causes were recorded in the eight cities, with an excess of 312% (95%CI: 304-321). Manaus (Amazonas State), presented the highest excess, with 758% (95%CI: 668-858) and São Paulo the lowest, with 174% (95%CI: 164-183). Early excess mortality was detected in Epidemiological Weeks (EW) 9-12 in Belém (Pará State), Fortaleza (Ceará State), and São Paulo. In general, excess mortality was relatively higher in the 40-59-year age bracket and in men. Excess mortality was regionally heterogeneous, with 2,463% (95%CI: 1,881-3,281) in EW 17-20 in Manaus (North Region) and 808% (95%CI: 612-1,059) in EW 28-32 in Curitiba (Paraná State, South Region). The high and heterogeneous percentage of excess respiratory deaths suggests high underreporting of COVID-19 deaths, which highlights regional inequalities and the need for revision of deaths associated with respiratory symptoms.