Violência pós-morte contra travestis de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil
Violencia post mortem contra travestis de Santa María, Río Grande do Sul, Brasil
Post-mortem violence against travestis in Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brazil
Cad. Saúde Pública (Online); 37 (5), 2021
Publication year: 2021
Este artigo busca descrever e analisar as violências vivenciadas pelas travestis em suas trajetórias (que, muitas vezes, culminaram em seus homicídios), direcionando o olhar para as violências que continuam mesmo após a morte. A intenção é compreender um tipo de violência que se manifesta na normalização de gênero pós-morte que busca apagar a história e os rastros da existência travesti. Trata-se de estudo baseado em metodologia qualitativa, por meio de pesquisa etnográfica. A etapa etnográfica deste artigo ocorreu entre os meses de setembro de 2019 e fevereiro de 2020, sendo decorrente do assassinato de cinco travestis. Os resultados indicaram a existência de um dispositivo de normalização pós-morte que atua contra o desejo final das travestis, negando-lhes uma morte digna.
Este artículo busca describir y analizar las violencias vividas por las travestis en sus trayectorias (que, muchas veces, culminaron en sus homicidios), dirigiendo la mirada hacia la violencia que se continúa perpetrando incluso tras la muerte. La intención es comprender un tipo de violencia que se manifiesta en la normalización de género post mortem, que busca borrar la historia y los rastros de la existencia travesti. Se trata de un estudio basado en metodología cualitativa, mediante investigación etnográfica. La etapa etnográfica de este artículo se produjo entre los meses de setiembre de 2019 y febrero de 2020, tras el asesinato de cinco travestis. Los resultados indicaron la existencia de un dispositivo de normalización post mortem que actúa contra el deseo final de las travestis, negándoles una muerte digna.
This article aims to describe and analyze the violence experienced by transvestites in their trajectories (often ending in their murder), focusing particularly on the violence that continues even after their death. The idea is to understand a type of violence that manifests in post-mortem gender normalization that attempts to erase the history and traces of crossdressing existence. The study is based on a qualitative methodology through ethnographic research. The article's ethnographic stage took place from September 2019 to February 2020, responding to the assassination of five transvestites. The results indicate the existence of a post-mortem normalization that acts against the final wishes of transvestites, denying them a decent death.