Cadê as populações LGBTT na estratégia saúde da família? narrativas de profissionais de saúde em Teresina, Piauí, Brasil
Where are LGBTT populations in the family health strategy? narratives of health professionals in Teresina, Piauí, Brazil
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.); 26 (5), 2021
Publication year: 2021
Resumo As populações de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT) não têm tido um lugar na "história oficial" da humanidade, a não ser como atores secundários que desviam, distorcem ou mesmo maculam a memória dos povos, orientada pela cis-heteronormatividade. São esses mesmos sujeitos que frequentemente vivenciam obstáculos na assistência ofertada pela Estratégia Saúde da Família (ESF), dentro de um sistema que é universal, integral e equânime. Neste artigo, buscamos analisar experiências narradas por profissionais da atenção básica na assistência à saúde das populações LGBTT em Teresina, Piauí, Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada com 32 profissionais que atuavam em uma unidade básica de saúde. A análise foi pautada em três dimensões - relacional, organizacional e contextual - inspirada na discussão teórica de Giovanella e Fleury. A atenção básica, a qual deveria ser uma das responsáveis pelas ações de saúde comunitária, que prioriza a promoção e a prevenção em saúde, é a mesma que tem ofertado negações, violências, e negligência no cuidado às pessoas LGBTT. Aposta-se, portanto, na escuta como uma das chaves para o respeito à diversidade sexual e de gênero, para que essas pessoas sejam, assim, reconhecidas como usuárias da ESF.
Abstract The populations of lesbians, gays, bisexuals, transvestites, and transsexuals (LGBTT) have not had a place in the "official history" of humanity, except as secondary actors that deviate, distort, or even tarnish popular memory, guided by cisheteronormativity. These same subjects often experience obstacles in the care provided by the Family Health Strategy (ESF) within a universal, comprehensive, and equitable system. This paper seeks to analyze experiences narrated by primary care professionals in health care for LGBTT populations in Teresina, Piauí, Brazil. This is qualitative research conducted with 32 professionals working at a PHC unit. The analysis was based on three dimensions - relational, organizational, and contextual - inspired by the Giovanella and Fleury theoretical discussion. Primary care, which should be one of those responsible for community health actions and prioritize health promotion and prevention, is the same that has provided denials, violence, and neglect in the care of LGBTT people. Therefore, we selected listening as one of the keys to respecting sexual and gender diversity so that these people are recognized as ESF users.