Cuidado emancipador
Emancipating care

Saúde Soc; 30 (1), 2021
Publication year: 2021

Resumo A humanização do cuidado tem sido um desafio presente no campo da saúde em geral e no Sistema Único de Saúde brasileiro. O objetivo deste artigo é discutir o constructo sociológico de cuidado emancipador. Enquanto o cuidado tem forte identificação com o senso comum e com os conhecimentos tácitos, a prática clínica biomédica associou-se ao conhecimento científico resultante de uma ruptura epistemológica racionalista. O cuidado emancipador é uma hibridização entre senso comum e conhecimento científico, ou cuidado e clínica, sustentado pelo posicionamento ético-político do profissional, para a substituição da heteronomia pela autonomia no processo de saúde-doença-cuidado. A intencionalidade deste artigo é apresentar uma perspectiva inovadora sobre a discussão do cuidado, que não é nova, trazendo algumas referências históricas, não com o propósito de desenvolver uma análise epocalista ou cronológica. O objetivo é alargar o espaço de reflexões sobre os cuidados heterônomos como um evento hegemônico da cultura contemporânea, bem como ampliar os debates sobre as possibilidades de construção de práticas de cuidado que privilegiem a autonomia das pessoas e apontem para a sua emancipação. Conclui-se que o conceito de cuidado emancipador pode fazer avançar uma segunda ruptura epistemológica com o desenvolvimento de práticas emancipadoras no processo saúde-doença-cuidado.
Abstract The humanization of care has been a present challenge in the field of health in general and in the Brazilian Unified Health System. The purpose of this article is to discuss the sociological construct of emancipating care. While care is strongly identified with common sense and tacit knowledge, biomedical clinical practice has been associated with scientific knowledge resulting from a rationalist epistemological rupture. Emancipatory care is a hybridization between common sense and scientific knowledge, or care and clinic, supported by the professional's ethical-political position, to replace heteronomy with autonomy in the health-disease-care process. The purpose of this article is to present an innovative perspective on the discussion of care, which is not new, bringing some historical references, not with the purpose of developing an epochalist or chronological analysis. The objective is to expand the space for reflections on heteronomous care as a hegemonic event in contemporary culture, as well as to expand the debates on the possibilities of building care practices that privilege people's autonomy and point to their emancipation. It is concluded that the concept of emancipating care can advance a second epistemological rupture with the development of emancipating practices in the health-disease-care process.

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