Mulheres silenciadas: mortalidade feminina por agressão no Brasil, 2000-2017
Silenced women: female mortality from aggression in Brazil
Mujeres silenciadas: mortalidad femenina por agresión en Brasil, 2000-2017
Rev. baiana saúde pública; 44 (1), 2020
Publication year: 2020
Os óbitos femininos por agressão são ocasionados, muitas vezes, por indivíduos do sexo oposto, parceiros ou ex-parceiros das vítimas, havendo situações de abuso físico, sexual e psicológico. Neste trabalho, objetiva-se analisar a tendência temporal de mortalidade feminina por agressão e seus fatores no Brasil, de 2000 a 2017. Trata-se de um estudo de série temporal sobre mortalidade feminina por agressão, em todas as faixas etárias. Extraiu-se os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, e as informações populacionais foram obtidas por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Investigou-se as variáveis raça/cor de pele, idade, anos de estudo, local de ocorrência dos óbitos e o capítulo XX da CID-10, nas categorias com códigos de X-85 a Y-09 e Y-87. No período estudado, 75.113 mulheres morreram em decorrência de agressões. A maior parte delas tinha de 20 a 39 anos, autodeclaradas pardas (49,3%), com quatro a sete anos de estudo (27,7%), com óbito registrado com maior frequência em via pública e no domicílio (28,8% e 28,6%, respectivamente). No mesmo período, ocorreu um aumento na tendência da taxa de mortalidade feminina por agressão no Brasil (annual percent change – APC: 1,09; IC95%: 0,07;2,12). Houve aumento percentual nas agressões por queimaduras/fumaça (APC: 4,99; IC95%: 3,25;6,76), objeto cortante (APC: 3,07; IC95%: 1,72;4,43) e enforcamento e afogamento (APC: 1,96; IC95%: 0,71;3,23). Conclui-se que o aumento na tendência da mortalidade feminina por agressão em algumas regiões do país, especialmente entre mulheres jovens, mostra a necessidade de políticas públicas e sociais mais adequadas às especificidades das diferentes regiões do Brasil.
Female deaths from aggression are often performed by the opposite gender, either partners or former partners of the victims, with situations of physical, sexual and psychological abuse. The objective of this article is to analyze the temporal trend of female mortality from aggression and its factors in Brazil from 2000 to 2017. This is a time series study on female mortality from aggression in all age groups in Brazil. Data from the Mortality Information System and population information obtained from the Brazilian Institute of Geography and Statistics were extracted. The variables race / skin color, age, years of study, place of occurrence of deaths and chapter XX of ICD-10 were investigated, in the categories with codes from X-85 to Y-09 and Y-87. In the study period, 75,113 women died from aggression. Most of the victims were from 20 to 39 years old, self-declared brown (49.3%), with four to seven years of schooling (27.7%), with death most frequently registered in public streets and at home (28.8 % and 28.6%, respectively). In the same period, there was an increase in the trend in female mortality from aggression in Brazil (annual percent change [APC]: 1.09; 95% CI: 0.07; 2.12). There was a percentage increase in burn / smoke aggressions (APC: 4.99; 95% CI: 3.25; 6.76), sharp object (APC: 3.07; 95% CI: 1.72; 4.43) and hanging and drowning (APC: 1.96; 95% CI: 0.71; 3.23). In conclusion, the increase in the trend of female mortality due to aggression in some regions of the country, especially among young women, shows the need for public and social policies that are more adequate to the specificities of the different regions of the country.
Las muertes de mujeres por agresión a menudo son realizadas por el sexo opuesto, parejas o exparejas de las víctimas, en situaciones de abuso físico, sexual y psicológico. Este estudio tuvo como objetivo analizar la tendencia temporal de la mortalidad femenina por agresión y sus factores en Brasil entre 2000 y 2017. Este es un estudio de series temporales sobre la mortalidad femenina por agresión en todos los grupos de edad en Brasil. Se obtuvieron datos del Sistema de Información de Mortalidad e información del Instituto Brasileño de Geografía y Estadística. Se investigaron las variables raza/color de piel, edad, nivel de estudios, lugar de ocurrencia de las defunciones y el capítulo X de la CIE-10, en las categorías con códigos de X-85 a Y-09, e Y-87. Durante el período de estudio, 75.113 mujeres murieron a causa de agresión. La mayoría de ellas tenían entre 20 y 39 años, se declaraban pardas (49,3%), con cuatro a siete años de estudios (27,7%), y la muerte se registró con mayor frecuencia en las calles públicas y en el hogar (28,8% y 28,6%, respectivamente). En el mismo período, hubo un aumento en la tendencia de mortalidad femenina por agresión en Brasil (annual percent change APC: 1,09; IC95%: 0,07; 2,12). Hubo un aumento porcentual en las agresiones de quemaduras/humo (APC: 4,99; IC95%: 3,25; 6,76), objeto cortante (APC: 3,07; IC95%: 1,72; 4,43) y ahorcamiento y ahogamiento (APC: 1,96; IC95%: 0,71; 3,23). Se concluye que hubo un incremento en la mortalidad femenina por agresiones en algunas regiones del país, especialmente entre las mujeres jóvenes, lo que muestra la necesidad de políticas públicas y sociales más adecuadas a las especificidades de las distintas regiones del país.