Sexually transmitted diseases in women who are 50 or older: A retrospective analysis from 2000 to 2017 in a public reference service in Niterói City, Rio de Janeiro State
Doenças sexualmente transmissíveis em mulheres a partir de 50 anos de idade: análise retrospectiva de 2000 a 2017 em serviço público de referência em Niterói, Rio de Janeiro

DST j. bras. doenças sex. transm; 32 (), 2020
Publication year: 2020

Introduction:

Sexually transmitted diseases (STD) are more common in young people. There are few studies on STD in the older population, particularly women.

Objective:

To evaluate and characterize, with epidemiological variables, the prevalence of STD in the female population over 50 years old, in a public reference service in Niterói city, Rio de Janeiro State, Brazil.

Methods:

The study was carried out at the STD Sector of Universidade Federal Fluminense. It was a descriptive retrospective study of quantitative character, carried out with women aged 50 or older, attended at the aforementioned teaching, research, and extension unit, from 2000 to 2017. Data collection was performed with documentary research from the records of Sexually Transmitted Diseases Sector of Universidade Federal Fluminense. A total of 6,822 records were analyzed, of which 2,363 were of women. Of these, 50 medical records of women over 50 years old. The variables used were age, education, marital status, use of condom, diagnosis, sexual and behavior characteristics (extramarital relationships and history of homosexuality), skin color, history of STD, sex education, numbers of sexual partners, family income.

Results:

There was a higher prevalence of human papillomavirus (HPV) infection in the form of condyloma acuminata in 48% of cases and cervical intraepithelial neoplasia (CIN) I, II, or III in 20%. Syphilis occurred in 14%; genital herpes and trichomoniasis, in 6% each; HIV, in 4%, and gonorrhea, in 2% of cases. 64% of women had no previous pathological history of STD, 6% had a previous diagnosis of syphilis, and 6%, of HPV. The predominant age group was 50 to 59 (78%), with a higher prevalence in white women (54%). Most patients (66%) reported having one fixed partner, were married (54%), and had no history of extramarital relationships (64%). In addition, 64% of patients had no degree of sex education and 56% lived on less than two minimum wages. Most patients (78%) reported not using condoms. In 50% of cases, the level of education was incomplete primary education and only 8% had concluded higher education.

Conclusion:

STD were more frequent in white women who did not use condoms. The most prevalent STD was HPV infection, as condyloma acuminata in pardo women. HPV infection as an cervical intraepithelial neoplasia (CIN) was the second most common STD in white and pardo women, and slightly lower in black women. Acuminated condyloma and NICs appear in all schooling groups analyzed, except in patients with a college degree and in women with higher family income. There was a predominance of STD in women without or with little sex education, and in those with low family income and education. Syphilis was observed in all age groups, predominantly in the group of good sex education, with higher family income and higher education. Syphilis and genital herpes were more prevalent in black women. Most women had a fixed sexual partnership, were married, and had no history of extramarital relationships.

Introdução:

As doenças sexualmente transmissíveis (DST) são mais comuns em jovens. Existem poucos estudos sobre DST na população de idosos, em particular em mulheres.

Objetivo:

Avaliar e caracterizar, por meio de variáveis epidemiológicas, a prevalência das DST na população feminina com mais de 50 anos, em serviço público de referência no município de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.

Métodos:

O estudo foi realizado no Setor de DST da Universidade Federal Fluminense. Foi um estudo descritivo retrospectivo de caráter quantitativo, realizado com mulheres a partir de 50 anos de idade atendidas no referido serviço de ensino, pesquisa e extensão, no período de 2000 a 2017. A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa documental, a partir de consultas aos prontuários do Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis da Universidade Federal Fluminense. Foi analisado um total de 6.822 prontuários, sendo 2.363 do sexo feminino. Destes, 50 prontuários de mulheres a partir de 50 anos.

As variáveis utilizadas foram:

idade, escolaridade, estado civil, uso de preservativos, diagnóstico, características e comportamento sexuais (relações extraconjugais e passado de homossexualidade), cor, passado de DST, educação sexual, números de parcerias sexuais, renda familiar.

Resultados:

Houve maior prevalência de infecção por papilomavírus humano (HPV) sob a forma de condiloma acuminado em 48% dos casos e de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) I, II ou III em 20%. Sífilis ocorreu em 14%, herpes genital e tricomoníase em 6% cada, HIV em 4% e gonorreia em 2% dos casos. 64% das mulheres não tinham história patológica pregressa de DST, e 6% tiveram diagnóstico prévio de sífilis e 6% de HPV. A faixa etária predominante foi de 50 a 59 anos (78%), com maior prevalência em mulheres brancas (54%). A maioria das pacientes (66%) reportou ter parceria fixa, era casada (54%) e sem histórico de relações extraconjugais (64%). Além disso, foi observado que 64% das pacientes não tinham qualquer grau de orientação sexual e 56% viviam com menos de dois salários mínimos. A maioria das pacientes (78%) relatou não fazer uso de preservativos. Em 50% dos casos, o nível de escolaridade foi o ensino fundamental incompleto e apenas 8% tinham nível superior.

Conclusão:

As DST foram mais frequentes em mulheres brancas que não faziam uso de preservativos. A DST mais prevalente foi a infecção por HPV como condiloma acuminado em mulheres pardas. A infecção por HPV como neoplasia intraepitelial de colo uterino (NIC) foi a segunda DST mais frequente em brancas e pardas e ligeiramente mais baixa em negras. O condiloma acuminado e as NICs aparecem em todos os grupos de escolaridade analisados, exceto nos portadores de curso superior completo e em mulheres com maior renda familiar. Houve predominância das DST em mulheres sem ou com pouca educação sexual e naquelas com renda familiar e escolaridade baixas. A sífilis apareceu em todas as faixas etárias, de forma predominante no grupo com boa educação sexual, com maior renda familiar e com maior escolaridade. A sífilis e o herpes genital foram mais prevalentes em mulheres negras. A maioria das mulheres tinha parceria sexual fixa, era casada e sem histórico de relações extraconjugais.

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