O confessional para além do íntimo: luto como efeito estético na escritura de Virginia Woolf
The confessional beyond the intimate: mourning as aesthetical effect in Virginia Woolf’s writing
Rev. psicol. (Fortaleza, Online); 11 (1), 2020
Publication year: 2020
Propomo-nos, a partir de dados obtidos em estudos antes realizados, a discorrer sobre algumas das marcas do universo literário de Virgínia
Woolf. Para tanto, levaremos em consideração uma particularidade de sua escritura: a recorrente e impactante presença da morte em sua
narrativa, a qual revelou-se ser o índice de um modo de defesa frente ao encontro com o real. Considera-se que o caráter confessional de sua
escritura assume uma forma e função inédita na literatura moderna, não podendo ser entendido a não ser em referência à dificuldade
experimentada pela escritora em enfrentar os lutos sucessivos de familiares e pessoas que lhe eram queridas, o que a levou a se fazer valer da
criação como forma de auxílio à lida com a dimensão inassimilável dessas perdas. Ao contrário de outras narrativas de caráter confessional, que
primam pela produção da atmosfera do íntimo, defendemos que a sua produz, diferentemente, no leitor, o luto como efeito estético,
contaminando-o com o sem sentido da existência.
Our goal with this paper is to discuss about some of the features of the literary universe of Virginia Woolf, starting from conclusions obtained in
previous studies. To do so, we will take in consideration a particularity of her writing: the recurrent and shocking presence of death in her
narrative, which has shown to be an indication of a way to defend herself against the encounter with the Real. We consider that the confessional
aspect of her writing becomes a new role in modern literature, which can only be understood as reference to her difficulty in facing successive
mournings of family and loved ones, fact that led her to use her own writing is help in the struggle with these unassimilable losses. On contrary of
other confessional nararatives, that cherish the creation of an intimate atmosphere, we defend the Woolf’s writing create, in the reader, a
mourning as aesthetical effect, contaminating it with the meanless of existence