Introduçäo:

Säo escassos os relatos de experiência com pacientes queimados, particularmente em nossa regiäo onde, muito possivelmente, fenômenos de sazonalidade relacionados às condições climáticas podem contribuir para a ocorrência desses acidentes, notadamente pelo fogo.

Objetivo:

Descrever as características de uma populaçäo hospitalar de vítimas de queimaduras, segundo idade, sexo, superfície corporal queimada, causa e mês de ocorrência, mortalidade e demais indicadores, com vistas a oferecer subsídios para avaliaçäo, acompanhamento, planejamento e, notadamente, campanhas preventivas.

Materiais e métodos:

Estudo de série de casos, envolvendo 923 pacientes, internados na Unidade de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), no período de janeiro de 1993 a dezembro de 1996.

Resultados:

Os homens responderam por 64,5 por cento dos pacientes, com uma relaçäo homem: mulher de 1,8:1. As crianças corresponderam a 57,5 por cento de toda a série. Quanto à procedência dos pacientes, 65 por cento eram do Distrito Federal (DF) e 18,4 por cento da regiäo do entorno. A extensäo média do percentual da superfície corporal queimada foi de 19,1 por cento, predominando as grandes queimaduras entre os adultos. O tempo médio de internaçäo foi de 21 dias e a mortalidade hospitalar de 5,2 por cento. Nas queimaduras categorizadas como de média e grande extensäo, a mortalidade foi maior entre os adultos, em relaçäo às crianças. Dentre os agentes causadores de queimaduras, os térmicos predominaram (94,6 por cento), com destaque para os acidentes com fogo. Em 71 por cento dos casos, o local do acidente foi domiciliar. Apenas 9,8 por cento dos pacientes apresentaram, pelo menos uma complicaçäo relevante, principalmente entre adultos, com destaque para o envolvimento pulmonar (5,1 por cento). A análise do agente da queimadura, em funçäo do período do ano, guardou uma relaçäo entre os meses de junho a setembro com acidentes por fogo, muito possivelmente relacionada à baixa umidade relativa do ar, alcançada nesses meses (r2=0,30), no DF.

Conclusäo:

Crianças e adultos constituíram grupos de vítimas de queimaduras, com características epidemiológicas próprias, implicando riscos, prognóstico, morbi-mortalidade hospitalar e estratégias de abordagens preventivas diferenciadas. As queimaduras por fogo aumentaram sua importância nos meses de julho a setembro, muito possivelmente relacionadas aos baixos níveis médios da umidade relativa do ar nesse período, no DF