Análise microetnográfica da (co)produção da transexualidade em um atendimento clínico
Análisis microetnográfico de la (co)producción de la transexualidad en un servicio clínico
Microethnographic analysis of the (co)production of transsexuality in a clinical appointment

Psicol. soc. (Online); 33 (), 2021
Publication year: 2021

Resumo O objetivo deste artigo é descrever e analisar práticas interacionais que emergem no contexto de psicoterapia em um núcleo clínico especializado em gênero e sexualidade. O material de análise consiste em um atendimento entre um psiquiatra e uma mulher transexual, o qual foi escolhido a partir de um corpus de cinco atendimentos gravados pelo núcleo. Realizamos uma análise microetnográfica ancorada na linha teórico-metodológica da Análise da Conversa.

Observamos duas práticas interacionais que emergem de maneira recorrente:

formulação e prestação de contas.

Tais práticas estão a serviço da realização de uma tarefa institucional:

a (co)produção de um laudo psiquiátrico atestando, a partir de uma matriz nosológica, a transexualidade da cliente. Nossa análise aponta que o DSM-5 e a CID-11 são instrumentos que, no atendimento clínico a pessoas transexuais, limitam a autonomia de cliente e terapeuta e consolidam dispositivos que mantêm a cisnormatividade como regra.
Resumen El objetivo de este artículo es describir y analizar las prácticas interaccionales que surgen en el contexto de psicoterapia en un centro clínico especializado en género y sexualidad. El material de análisis consiste en un servicio entre un psiquiatra y una mujer transexual, elegido a partir de un corpus de cinco consultas grabadas por el centro. Realizamos un análisis microetnográfico anclado en la línea teórico-metodológica del Análisis de Conversación.

Observamos dos prácticas interaccionales que surgen de forma recurrente:

formulación y rendición de cuentas.

Tales prácticas están al servicio de la realización de una tarea institucional:

la (co)producción de un informe psiquiátrico que atestigüe, desde una matriz nosológica, la transexualidad de la cliente. Nuestro análisis muestra que el DSM-5 y la ICD-11 son instrumentos que, en lo servicio clínico a las personas transexuales, limitan la autonomía de la cliente y el terapeuta y consolidan dispositivos que mantienen la cisnormatividad como regla.
Abstract This article aims to describe and analyze interactive practices that emerge in the context of psychotherapy in a clinical center specialized in gender and sexuality. The material under analysis consists of an appointment between a psychiatrist and a transsexual woman, which was select from a research corpus of five appointments videorecorded by the center. We conducted a microethnographic analysis based on the Conversation Analysis theoretical and methodological framework.

We observed two interactional practices that emerge in a recurrent manner:

formulation and accountability.

Such practices are in service of the accomplishment of an institutional task:

the (co)production of a psychiatric report that certifies the client's transsexuality from a nosological matrix. Our analysis points out that DSM-5 and ICD-11 are devices that, in the clinical care for transsexual people, limit the autonomy of both therapist and client, as well as consolidate apparatuses that maintain cisnormativity as a rule.

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