Rev. bras. educ. méd; 45 (3), 2021
Publication year: 2021
Resumo:
Introdução: Afecções otorrinolaringológicas são destaques entre as enfermidades mais frequentes na atenção primária. Acredita-se que a sobrecarga na atenção secundária seja consequência da baixa resolução dos problemas na atenção primária. Uma possível explicação para esse fato seria a deficiência na capacitação médica durante a graduação. Estima-se que a carga horária média de otorrinolaringologia seja 0,6% da carga horaria média total, após análise de 141 matrizes curriculares, correspondendo a aproximadamente 70,5% do total das escolas médicas em funcionamento em 2013. Nessa área, poucos estudos têm sido realizados em relação ao ensino e à necessidade de reavaliação curricular. Objetivo:
O presente estudo tem o intuito de buscar um consenso sobre as competências necessárias ao generalista na especialidade de otorrinolaringologia. Métodos:
Criou-se um questionário inicial que abordava as competências otorrinolaringológicas pertinentes à prática clínica dos médicos da atenção primária. Por meio da metodologia Delphi, no formato eletrônico, o questionário foi enviado para 20 especialistas com formações distintas: médicos generalistas, otorrinolaringologistas e médicos de família e comunidade. Essa heterogeneidade entre os especialistas contribuiu para garantir a confiabilidade dos resultados. Os resultados obtidos após cada rodada eram analisados pelos pesquisadores, que observavam as tendências e as opiniões dissonantes, bem como suas justificativas. Ao final da sistematização e compilação dos resultados, um novo questionário era elaborado e reenviado, iniciando uma nova rodada até que o consenso fosse estabelecido em todas competências. Resultados:
Realizaram-se cinco rodadas para o estabelecimento do consenso em todas as 17 competências otorrinolaringológicas avaliadas pelas proposições, o possibilitou a definição do nível de competência dos conteúdos e procedimentos otorrinolaringológicos preconizados ao egresso de Medicina. Conclusão:
Os dados obtidos neste trabalho podem servir para o embasamento, direcionamento e desenvolvimento do currículo otorrinolaringológico nos cursos de graduação de Medicina, visto que não se encontrou na literatura consenso estabelecendo as competências mínimas otorrinolaringológicas na formação curricular da graduação.
Abstract:
Introduction: Otorhinolaryngological disorders are amongst the most prominent frequent diseases in primary care. The overload in secondary care is thought to be a consequence of the low resolution of these problems in primary care. A deficiency in undergraduate medical training may explain this fact. The average estimated time spent studying otorhinolaryngological practice is estimated to be 0.6% of the total average practice hours after analysis of data from 141 medical course syllabuses in Brazil, corresponding to approximately 70.5% of all the medical schools in operation in 2013. Few studies have been conducted in this area and regarding teaching and the need for curriculum reassessment. Objectives:
This study seeks to ascertain a consensus on the skills required by the general practitioner in the specialty of otorhinolaryngology. Methods:
An initial questionnaire was devised addressing the otorhinolaryngological skills relevant to primary care clinical practice. Using the Delphi method, the questionnaire was sent in electronic format to 20 specialists with training in three different specialties; this heterogeneity of the survey sample helped ensure the reliability of the results. The results obtained after each round were analyzed by one researcher and validated by another, observing any discrepant trends and opinions, as well as their justifications. Once the results had all been compiled and systematized, a new questionnaire was devised and sent out, starting a new round until consensus had been established for all the skills. Results:
Five rounds were completed until a consensus was established for all 17 otorhinolaryngological skills evaluated by the propositions. Conclusions:
The data obtained by this work can serve as a basis and guideline for developing an otorhinolaryngological curriculum for undergraduate medical training since no consensus was found in the literature establishing such a minimum skill set.