Pelo buraco da fechadura - estudo etnográfico de um grupo de mentoria na escola médica
Through the keyhole - an ethnographic study of a medical school mentoring group

Rev. bras. educ. méd; 45 (supl.1), 2021
Publication year: 2021

Resumo:

Introdução: Programas de mentoria vêm sendo reconhecidos por seus benefícios e estão sendo implementados em muitas escolas médicas. No entanto, poucos estudos têm enfocado a compreensão da relação de mentoria em si. Como a relação de mentoria se desenvolve, em tempo real, no cotidiano de uma escola médica? Objetivo: Neste estudo, buscamos observar as interações entre uma mentora e seu grupo de alunos de diferentes anos em seu ambiente natural.

Método:

Utilizando uma metodologia qualitativa etnográfica, um grupo de mentoria foi acompanhado por meio de observação participante durante um ano. Ao final do período de observação, realizou-se um grupo focal para validar as notas de campo. A análise temática de conteúdo orientou nossa organização e interpretação dos dados.

Resultado:

Não é simples para um grupo de mentoria, composto por alunos de diferentes anos de graduação, reunir-se regularmente e com tempo suficiente para a atividade. Nesse contexto, o mentor é sempre desafiado a estabelecer conexões entre diferentes temas e experiências para dar sentido à experiência do grupo como um todo. Por sua vez, a diversidade do grupo permite discussões estimulantes e ricas sobre o curso, a vida pessoal dos participantes e o futuro profissional. Os alunos veteranos têm um papel fundamental na dinâmica do grupo ao compartilharem suas vivências e motivarem os alunos iniciantes a seguir em frente.

Conclusão:

Manter um grupo de mentoria em uma escola médica é uma tarefa complexa e desafiadora. Mentores precisam ser motivados, ter certas características pessoais e receber apoio para essa função. Grupos heterogêneos com alunos de diferentes anos potencializam o desenvolvimento e o suporte entre os integrantes, aliviando as angústias da formação médica. No entanto, a estrutura e a dinâmica do curso de Medicina dificultam muitas vezes o envolvimento dos alunos, impedindo o acesso deles aos efeitos positivos da mentoria.

Abstract:

Introduction: Mentoring programs have been recognized for their benefits and are being implemented in many medical schools. However, few studies have focused on understanding the mentoring relationship itself. How do mentoring relationships develop in real-time in a medical school? Objective: The purpose of this study was to observe the interactions between a mentor and her students from different academic years in their natural environment.

Method:

Using a qualitative ethnographic methodology, a mentoring group's meetings were followed through participant observation for a year. At the end of the observation period, a focus group was carried out to validate field notes. Thematic analysis guided the data organization and interpretation.

Results:

It was not easy for a mentoring group with students from different undergraduate years to meet regularly and with enough time. The mentor was always challenged to establish connections through different themes and experiences to make sense of the whole group's experience. On the other hand, the group's diversity allowed for exciting and rich discussions about the course, the participants' personal lives, and future. Senior students played an essential role in the group dynamics, sharing their experiences and motivating early-year students.

Conclusions:

Conducting a mentoring group in a medical school is challenging task. Mentors need to be motivated, have certain personal characteristics, and receive support for this role. Heterogeneous groups with students from different academic years enhance the exchange of experiences and support among the members, relieving anxieties in their medical training. However, the medical course structure and dynamics harm group functioning, hinder student involvement and, therefore, access to the positive effects of mentoring.

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