A voz do autismo: a linguagem da dor
The voice of autism: the language of pain
La voz del autismo: el lenguaje del dolor
Vínculo (São Paulo, Online); 18 (1), 2021
Publication year: 2021
RESUMO O Acompanhamento Terapêutico tem seu início na América Latina, sob a influência da psicologia social de Pichon-Rivière e no âmbito da Reforma Psiquiátrica, representando uma atividade clínica com vistas à ressocialização de pessoas ligadas ou não aos serviços de saúde mental. O objetivo deste trabalho é relatar uma experiência de estágio na área de Acompanhamento Terapêutico com um jovem adulto diagnosticado com autismo grau leve, que apresenta elevada persecutoriedade, compulsão por acumulação e isolamento social exacerbado. Algumas das intervenções realizadas contaram com a presença dos pais do paciente que, através de seus vínculos estreitos, puderam ser identificados como participantes tanto do processo de adoecimento, quanto da superação das dificuldades apresentadas. Articulando a teoria do vínculo, proposta por Pichon-Rivière à noção de ser-com o outro da fenomenologia existencial, os encontros procuraram propiciar ao paciente uma escuta atenta, uma compreensão de seu sofrimento psíquico e as limitações a ele atrelados e um acolhimento de seu modo de ser sem julgamentos, mas sempre buscando levá-lo a questionar suas cristalizações e possibilidades de superação. Ao final dos atendimentos, o paciente apresentou um pensamento mais organizado e integrado, onde a experiência da angústia pôde ser vivida como abertura para novas possibilidades de ser-no-mundo-com-os-outros.
ABSTRACT Therapeutic Accompaniment began in Latin America, under the influence of Pichon-Rivière's social psychology and within the Psychiatric Reform, representing a clinical activity with the intention of resocialize people who could be linked or not to mental health services. The aim of this work is to report an internship experience in the area of Therapeutic Accompaniment with a young adult diagnosed with mild autism, who has high persecutor, compulsion for accumulation and exacerbated social isolation. Some of the interventions were carried out in the presence of the patient's parents who, through their close bonds, could be identified as participating in both, the illness process and the overcoming of the presented difficulties. Articulating the bonding theory proposed by Pichon-Rivière to the notion of being-with-other of existential phenomenology, the meetings intended to provide an attentive listening to the patient, an understanding of his psychic suffering as well as the limitations attached to it, and a welcome of his own way of being without judgments, but always trying to make him inquire his crystallizations and possibilities of overcoming them. At the end of the sessions, the patient presented a more organized and integrated thought, where the experience of anguish could be lived as an opening to new possibilities of being-in-the-world and being-with-others.
RESUMEN El acompañamiento terapéutico se inicia en América Latina, bajo la influencia de la Psicología Social de Pichon-Rivière y en el ámbito de la Reforma Psiquiátrica, representando una actividad clínica dirigida a la resocialización de personas vinculadas o no a los servicios de salud mental. El objetivo de este trabajo es relatar una experiencia de pasantía en el área de Acompañamiento Terapéutico con un joven adulto diagnosticado con autismo leve, que presenta alta persecutoriedad, compulsión por la acumulación y un aislamiento social exacerbado. Algunas de las intervenciones realizadas incluyeron la presencia de los padres del paciente, quienes a través de sus estrechos vínculos pudieron ser identificados como participantes tanto en el proceso de la enfermedad como en la superación de las dificultades presentadas. Articulando la teoría del vínculo propuesta por Pichon-Rivière a la noción de ser-con-el-otro de la fenomenología existencial, los encuentros buscaron brindarle al paciente un oído atento, una comprensión de su sufrimiento psíquico y sus limitaciones, y una acogida de su forma de ser sin prejuicios, pero siempre tratando de llevarlo a cuestionar sus cristalizaciones y posibilidades de superación. Al final de las consultas, el paciente presentó un pensamiento más organizado e integrado, donde la experiencia de la angustia pudo ser vivida como apertura para nuevas posibilidades de ser-en-el-mundo-con-los-otros.