Estudar Psicologia se constitui numa experiência psiquicamente mobilizadora. O processo formativo coloca estudantes, em sua maioria, ainda adolescentes, ou jovens, precocemente expostos a conteúdos acadêmicos diretamente ligados à subjetividade humana e a cenários de práticas que envolvem o encontro com a dor e angústia de existir e viver em sociedade. Neste contexto, o estudante é atravessado por experiências que podem vir a afetar a sua saúde mental e promover sofrimento psíquico. O presente estudo tem como objetivo relatar a vivência acadêmica e seu impacto na saúde mental de uma estudante universitária, a partir de uma narrativa autobiográfica. A narrativa autobiográfica é uma técnica de construção de narrativa científica que a partir de um mergulho interior, relata um processo de elaboração da vivência que resulta numa teorização sobre uma experiência em estudo e realiza-se como prática transformar para conhecer. Assim, a pesquisa descreve os atravessamentos subjetivos de uma jovem estudante de Psicologia de uma instituição privada de ensino superior. Propõe-se a articular a experiência à teoria e analisa alguns efeitos da formação profissional e da constituição de identidade da estudante. A partir do relato, destaca-se a importância da garantia de espaços de fala e de cuidado no âmbito da formação em Psicologia, além do desenvolvimento de ações que acolham o sofrimento do mesmo.