Fístulas da Artéria Coronária
Coronary Artery Fistulae

Arq. bras. cardiol; 117 (1), 2021
Publication year: 2021

Resumo A fístula da artéria coronária é uma anormalidade anatômica rara das artérias coronárias que afeta 0,002% da população geral e representa 14% de todas as anomalias das artérias coronárias. A sua relevância clínica concentra-se principalmente no mecanismo do fenômeno do roubo coronário, que causa isquemia funcional do miocárdio, mesmo na ausência de estenose; portanto, angina e dispneia aos esforços são sintomas comuns. A abordagem diagnóstica sugerida é orientada pelos sintomas dos pacientes e consiste em uma série de exames instrumentais, como ECG, teste de esteira, ecocardiografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética cardíaca e angiografia coronária. Nos casos onde não é um achado acidental, a angiografia coronária é necessária para o planejamento terapêutico otimizado. As pequenas fístulas geralmente são assintomáticas e o prognóstico é excelente se forem tratadas medicamente com acompanhamento clínico e ecocardiografia no período de 2 a 5 anos. As fístulas grandes/gigantes e sintomáticas, ao contrário, devem ser submetidas a fechamento invasivo, por via transcateter ou ligadura cirúrgica, cujos resultados são equivalentes no acompanhamento de longo prazo. A profilaxia antibiótica para a prevenção da endocardite bacteriana é recomendada para todos os pacientes com fístulas da artéria coronária submetidos a procedimentos dentários, gastrointestinais ou urológicos. O acompanhamento ao longo da vida é sempre essencial para garantir que o paciente não sofra progressão da doença ou outras complicações cardíacas.
Abstract Coronary artery fistula is a rare anatomic abnormality of the coronary arteries that affects 0.002% of the general population and represents 14% of all anomalies of coronary arteries. Its clinical relevance focuses mainly on the mechanism of the coronary steal phenomenon, causing myocardial functional ischemia, even in the absence of stenosis; therefore, angina and effort dyspnea are common symptoms. The suggested diagnostic approach is driven by patients' symptoms, and it consists of a number of instrumental examinations like ECG, treadmill test, echocardiography, computed tomography scan, cardiac magnetic resonance, and coronary angiography. If it is not an incidental finding, coronary angiography is required in view of optimal therapeutic planning. Small fistulae are usually asymptomatic, and prognosis is excellent if they are managed medically with clinical follow-up and echocardiography every 2 to 5 years. Large/giant, symptomatic fistulae, on the contrary, should undergo invasive closure, via either transcatheter approach or surgical ligation, whose results are equivalent at long-term follow-up. Antibiotic prophylaxis for prevention of bacterial endocarditis is recommended in all patients with coronary artery fistulae who undergo dental, gastrointestinal, or urological procedures. Life-long follow-up is always essential to ensure that the patient does not undergo progression of the disease or further cardiac complications.

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