Cad. Saúde Pública (Online); 37 (7), 2021
Publication year: 2021
Resumo:
O objetivo foi avaliar a relação da insatisfação no trabalho e ocorrência de transtornos mentais comuns (TMC), considerando os aspectos psicossociais do trabalho e a satisfação pessoal (SAP). Estudo transversal, em amostra de 3.084 trabalhadores/as de saúde de cinco municípios baianos. Empregou-se análise de modelagem de equações estruturais, estratificada por gênero. A insatisfação com o trabalho foi a variável de exposição principal. Os TMC, variável desfecho, foram avaliados pelo Self-Reporting Questionaire (SRQ-20). Satisfação pessoal, avaliada por questões do World Health Organization Quality of Life (WHOQOL), e os aspectos psicossociais estressores (AE) e protetores (AP), mensurados pelo Job Content Questionnaire (JCQ) e pela escala Effort-Reward Imbalance (ERI), foram tratadas como variáveis latentes. A insatisfação com o trabalho associou-se positivamente aos TMC, entre homens (0,160; IC95%: 0,024; 0,295) e mulheres (0,198; IC95%: 0,135; 0,260). Os AE associaram-se positivamente à insatisfação com o trabalho e aos TMC, enquanto os AP associaram-se negativamente a esses dois eventos, entre homens e mulheres. A insatisfação com o trabalho mediou o efeito dos aspectos psicossociais e da SAP na ocorrência de TMC. O modelo final apresentou bom ajuste nos grupos analisados. Elevada insatisfação, presença de aspectos psicossociais estressores, carência de aspectos protetores e insatisfação pessoal associaram-se aos TMC direta ou indiretamente. Os resultados reforçam a necessidade de ações voltadas à proteção da saúde mental no trabalho em saúde com o redesenho dos aspectos nocivos identificados e fortalecimento dos aspectos associados à menor ocorrência de TMC.
Abstract:
The objective was to evaluate the relationship between job dissatisfaction and the occurrence of common mental disorders (CMD), considering the psychosocial aspects of work and personal satisfaction. Cross-sectional study, with a sample of 3,084 health workers from five municipalities in Bahia. Structural equation modeling analysis, stratified by gender, was used. Dissatisfaction with work was the main exposure variable. The CMD, the outcome variable, was assessed by the Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20). Personal satisfaction (SAP), assessed by World Health Organization Quality of Life (WHOQOL) questions, and stressful (AE) and protective (AP) psychosocial aspects, measured by the Job Content Questionnaire (JCQ) and the Effort-Reward Imbalance scale (ERI), were treated as latent variables. Dissatisfaction with work was associated with higher CMD prevalence, among men (0.160; CI95%: 0.024; 0.295) and women (0.198; CI95%: 0.135; 0.260). AEs were associated with greater dissatisfaction and higher CMD prevalence, while APs were associated with lower dissatisfaction and lower CMD prevalence, among men and women. Dissatisfaction with work mediated the effect of psychosocial aspects and personal satisfaction on the occurrence of CMD. The final model showed good adjustment. High job dissatisfaction, stressful psychosocial aspects, lack of protective aspects, and personal dissatisfaction were associated directly or indirectly with CMD. The results reinforce the need for actions to protect mental health at work by redesigning the harmful aspects identified and strengthening the aspects associated with the lower occurrence of CMD.
Resumen:
El objetivo fue evaluar la relación de la insatisfacción en el trabajo y la ocurrencia de trastornos mentales comunes (TMC), considerando aspectos psicosociales del trabajo, así como la satisfacción personal. Se trata de un estudio transversal, en una muestra de 3084 trabajadores/as de salud de cinco municipios bahianos. Se utilizó un análisis de modelado de ecuaciones estructurales, estratificado por género. La insatisfacción con el trabajo fue la variable de exposición principal. Los TMC, variable de desenlace, se evaluaron mediante el Self-Reporting Questionaire (SRQ-20). Satisfacción personal (SAP), evaluada por cuestiones del World Health Organization Quality of Life (WHOQOL), y los aspectos psicosociales estresores (AE) y protectores (AP), medidos por el Job Content Questionnaire (JCQ) y por la escala Effort-Reward Imbalance (ERI), fueron tratadas como variables latentes. La insatisfacción con el trabajo se asoció positivamente a los TMC, entre hombres (0,160; IC95%: 0,024; 0,295) y mujeres (0,198; IC95%: 0,135; 0,260). Los AE se asociaron positivamente a la insatisfacción con el trabajo y a los TMC, mientras que los AP se asociaron negativamente a esos dos eventos, entre hombres y mujeres. La insatisfacción con el trabajo medió el efecto de los aspectos psicosociales y de la satisfacción personal en la ocurrencia de TMC. El modelo final presentó un buen ajuste en los grupos analizados. Elevada insatisfacción, presencia de aspectos psicosociales estresores, carencia de aspectos protectores e insatisfacción personal se asociaron a los TMC directa o indirectamente. Los resultados refuerzan la necesidad de acciones dirigidas a la protección de la salud mental en el trabajo en salud, con el rediseño de los aspectos nocivos identificados, así como el fortalecimiento de los aspectos asociados a una menor ocurrencia de TMC.