Rev. bras. ter. intensiva; 33 (2), 2021
Publication year: 2021
RESUMO Objetivo:
Avaliar o impacto da disponibilidade de leitos em unidade de terapia intensiva, distratores e formatação da escolha, nas decisões de admissão na unidade de terapia intensiva. Métodos:
Este estudo foi um ensaio randomizado fatorial, com utilização de vinhetas baseadas em pacientes. As vinhetas foram consideradas arquetípicas para admissão ou recusa de admissão na unidade de terapia intensiva, conforme julgado por um grupo de especialistas. Médicos de unidade de terapia intensiva foram randomizados para um grupo com distrações (intervenção) ou um grupo controle; a um ambiente de escassez ou de disponibilidade de leitos em unidade de terapia intensiva (disponibilidade) e a uma vinheta com cenário de múltipla escolha ou omissão (status quo). O desfecho primário foi a proporção de alocações adequadas à unidade de terapia intensiva, definida como concordância com as decisões de alocação acordadas pelo grupo de especialistas. Resultados:
Analisamos 125 médicos. Em termos gerais, os distratores não tiveram impacto sobre o desfecho; contudo, houve taxa diferenciada de desistências, com menos médicos no grupo intervenção tendo respondido completamente ao questionário. A disponibilidade de leitos em unidade de terapia intensiva se associou com alocações inadequadas de vinhetas consideradas não adequadas para admissão na unidade de terapia intensiva (RC = 2,47; IC95% 1,19 - 5,11), porém não com vinhetas apropriadas para admissão na unidade de terapia intensiva. Ocorreu interação significante com a presença de distratores (p = 0,007), sendo a disponibilidade de leitos na unidade de terapia intensiva associada com maior admissão na unidade de terapia intensiva de vinhetas não apropriadas para admissão na unidade de terapia intensiva no braço com distratores (intervenção) (RC = 9,82; IC95% 2,68 - 25,93), porém não no grupo controle (RC = 5,18; IC95% 1,37 - 19,61). Conclusão:
A disponibilidade de leitos em unidade de terapia intensiva e vieses cognitivos se associaram com decisões inadequadas de alocação à unidade de terapia intensiva. Esses achados podem ter implicações para políticas de admissão na unidade de terapia intensiva.
Abstract Objective:
To assess the impact of intensive care unit bed availability, distractors and choice framing on intensive care unit admission decisions. Methods:
This study was a randomized factorial trial using patient-based vignettes. The vignettes were deemed archetypical for intensive care unit admission or refusal, as judged by a group of experts. Intensive care unit physicians were randomized to 1) an increased distraction (intervention) or a control group, 2) an intensive care unit bed scarcity or nonscarcity (availability) setting, and 3) a multiple-choice or omission (status quo) vignette scenario. The primary outcome was the proportion of appropriate intensive care unit allocations, defined as concordance with the allocation decision made by the group of experts. Results:
We analyzed 125 physicians. Overall, distractors had no impact on the outcome; however, there was a differential drop-out rate, with fewer physicians in the intervention arm completing the questionnaire. Intensive care unit bed availability was associated with an inappropriate allocation of vignettes deemed inappropriate for intensive care unit admission (OR = 2.47; 95%CI 1.19 - 5.11) but not of vignettes appropriate for intensive care unit admission. There was a significant interaction with the presence of distractors (p = 0.007), with intensive care unit bed availability being associated with increased intensive care unit admission of vignettes inappropriate for intensive care unit admission in the distractor (intervention) arm (OR = 9.82; 95%CI 2.68 - 25.93) but not in the control group (OR = 1.02; 95%CI 0.38 - 2.72). Multiple choices were associated with increased inappropriate allocation in comparison to the omission group (OR = 5.18; 95%CI 1.37 - 19.61). Conclusion:
Intensive care unit bed availability and cognitive biases were associated with inappropriate intensive care unit allocation decisions. These findings may have implications for intensive care unit admission policies.