Testemunhos durante a pandemia: reflexões psicanalíticas sobre trauma, Estado, economia e morte
Testimonies during the pandemic: psychoanalytic reflections on trauma, State, economy and death

Saúde Soc; 30 (3), 2021
Publication year: 2021

Resumo Este trabalho propõe-se a refletir sobre a experiência do sujeito perante a pandemia de covid-19 por meio de uma perspectiva psicanalítica. O material analisado discursivamente foi constituído por testemunhos de estudantes de graduação em psicologia publicados em um espaço virtual durante o período de distanciamento social.

Os processos de subjetivação destacados em nossa análise foram discutidos em quatro núcleos temáticos:

enfrentar o potencial traumático: poder testemunhar a queda do Outro; o (des)amparo dos sujeitos por parte do Estado: a potencialização do sofrimento psíquico; o imperativo superegoico da produção capitalista e os vestígios produtivos da improdutividade; (im)possibilidades do luto: transformações da nossa atitude diante da morte. Ao fim, buscamos evidenciar criticamente o aspecto destrutivo e autoritário da gestão estatal dos afetos sobre os sujeitos e a potência transformativa (analítica e política) das experiências da improdutividade, da indeterminação e do desamparo.
Abstract This study aims to reflect on subject's experience in the face of the covid-19 pandemic from a psychoanalytic perspective. The material discursively analyzed was constituted by testimonies of undergraduate psychology students published in a website during the period of social distancing.

The subjectivation processes emphasized in our analysis were discussed in four thematic groups:

facing the traumatic potential: being able to witness the fall of the Other; the (un)protection of the subjects by the State: the potentiation of psychological suffering; the superegoic imperative of capitalist production and the productive traces of unproductivity; and (im)possibilities of mourning: changes in our attitude towards death. Finally, we seek to critically evidence the destructive and authoritarian aspect of the state management of affections on subjects and the transformative power (analytical and political) of the experiences of unproductivity, indeterminacy, and helplessness.

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