Consumo de psicoestimulantes por estudantes de medicina de uma universidade do extremo sul do Brasil: resultados de um estudo de painel
Consumption of psychostimulants by medical students at a university in southern Brazil: results of a panel study

Sci. med. (Porto Alegre, Online); 31 (1), 2021
Publication year: 2021

Objetivo:

analisar a evolução do consumo de psicoestimulantes pelos acadêmicos de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) durante quatro anos.

Métodos:

foi realizado um estudo de painel com amostra de estudantes do primeiro ao quarto ano do curso de medicina, matriculados na instituição no período de 2015 a 2018. O estudo teve como desfecho o consumo de psicoestimulantes. Foram coletadas informações sobre o uso de cafeína, metilfenidato, piracetam, modafinil, bebidas energéticas, metilenodioximetanfetamina (ecstasy) e anfetaminas. O questionário foi composto de duas etapas. Na primeira, foram recolhidas informações demográficas, sobre hábitos e qualidade de vida. Na segunda, questionou-se sobre o consumo de substâncias estimulantes, abordando a frequência de uso, efeitos percebidos e a motivação para o consumo, assim como o início do consumo durante o curso.

Resultados:

a prevalência de uso dessas substâncias aumentou de 58% para 68% de 2015 a 2018. A proporção de acadêmicos que começaram a usar psicoestimulantes durante a faculdade, aumentou de 15% para 30%. Essa proporção aumentou conforme o ano do curso, passando de 25% no primeiro ano para 38% no quarto ano. Esse resultado foi atribuído, principalmente, ao uso de metilfenidato, cuja prevalência aumentou de 21% para 56% durante o período do estudo.

Conclusões:

o consumo de psicoestimulantes entre estudantes de medicina foi alto e o início de seu consumo durante a faculdade aumentou ao longo dos anos. Seu uso tem sido percebido como eficaz pela maioria dos usuários, o que pode dificultar o gerenciamento do uso indevido dessas substâncias.

Aims:

To analyze the evolution of psychostimulants consumption by medical students of the Federal University of Rio Grande (FURG) during the period of four years.

Methods:

This was a panel study conducted with a sample of students from first to fourth year of medical training, enrolled on the institution on the period between 2015 and 2018. The main outcome of this investigation was the use of psychostimulants. We collected information about the consumption of caffeine, methylphenidate, modafinil, piracetam, energetic drinks, amphetamines and methylenedioxymethamphetamine (ecstasy). The questionnaire was composed by two sections. First, information about socioeconomic and demographic variables, daily habits and quality of life were collected. In the second part, participants were asked about use of stimulant substances, frequency of its use, perceived effects, their motivation for consumption, as well as the beginning of consumption during the course.

Results:

Prevalence of use of these substances have increased from 58% to 68% between 2015 and 2018. Proportion of students that had started to use psychostimulants during college increased from 15% to 30% in this period. That proportion increased according to the year of graduation, passing from 25% on the first year to 38% on the fourth year. This result may be attributed mostly to the use of methylphenidate, whose prevalence increased from 21% to 56% during the period of the study.

Conclusions:

The consumption of psychostimulants among medical students was high, and the beginning of its consumption during college has increased over the years. Its use has been perceived as effective by most users, which may hamper the management of the misuse of these substances.

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