A pesquisa crítica na trama de narrativas: desenredando histórias de assédio sexual nas redes sociais
Critical research in a plot of narratives: untangling stories of sexual harassment on social media

Rev. psicol. (Fortaleza, Online); 12 (2), 2021
Publication year: 2021

Os sites de redes sociais vêm impulsionando protestos antissexistas, nos quais mulheres narram suas experiências de violência sexual e também apoiam outras mulheres com histórias semelhantes. No protesto #PrimeiroAssédio, milhares de mulheres aceitaram o convite para contar suas primeiras histórias de assédio sexual. Este artigo reflete sobre os desafios da pesquisa social crítica e ética com vítimas de assédio sexual que narram suas experiências em plataformas digitais. Tal pesquisa implica desenlear uma trama que envolve as narrativas dominantes acerca dos corpos, papéis, direitos e deveres das mulheres; as contranarrativas das mulheres que contestam as narrativas dominantes; e as narrativas construídas pelas pesquisadoras sobre as histórias contadas. O artigo discute o que está em jogo ao se escolher como narrar, incluindo a narração acadêmico-científica que se debruça sobre essas histórias. Em conclusão, as autoras entendem sua escrita como um ato político voltado para a transformação social e contra a condição subalterna feminina. As pesquisadoras trabalham para fortalecer as vozes das mulheres que denunciam a violência sexual, operando em aliança com elas, enquanto também contestam as narrativas hegemônicas de base patriarcal.
This article reflects on the challenges of critical social research with victims of sexual harassment who narrate their experiences on digital platforms. It draws from a selection of stories told by women in the #FirstHarassment protest (2015) in which they recount, in a tone of denunciation, these first experiences. Inspired by critical discourse analysis and culturally oriented narrative analysis, in dialogue with feminist theorizing, the study distinguishes a plot that involves dominant narratives about women's bodies, roles, rights, and duties; women's counter-narratives that contest dominant narratives; and the narratives constructed by women researchers about the stories told. It discusses how the participants' testimonies undertake efforts to denaturalize sexual harassment and deconstruct the logic of female culpability for sexual violence suffered. The stories create alliances and convey new narratives for gender relations and women's rights advocacy. The article also discusses how the academic-scientific narration that addresses these stories constitutes an ethical-political positioning. The authors conclude that their writing is a political act aimed at social transformation and against the subaltern condition of women. The researchers work to strengthen the voices of women who report sexual violence, operating in alliance with them, while also contesting patriarchally-based hegemonic narratives.

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