Desde os tempos antigos, a humanidade enfrentou múltiplas doenças coletivas de natureza infecciosa, de rápida disseminação e elevada taxa de mortalidade. Acreditava-se que essas doenças, chamadas de pragas ou pestes, surgiam da ira divina, sendo consideradas um castigo dos deuses para com a humanidade(1). Naquela época, o conceito de epidemia estava relacionado com o fato de visitar ou chegar a um local, de modo que os primeiros manuais médicos catalogavam doenças por causas naturais “nosēmata ek Phýsios” ou por causa de uma visita “nosēmata ek epidēmíēs”(2). Os termos epidemia e endemia são utilizados por Hipócrates 460-385 antes de Cristo, em sua obra “As Epidemias”, na qual estabeleceu a teoria miasmática das doenças infecciosas(3). Atualmente, a palavra grega epidēmía significa infecção que se propaga ao longo do tempo por uma área geográfica específica e atinge muitas pessoas simultaneamente, fato que implica em um nível de incidência da patologia superior ao esperado, tornando necessário o estudo epidemiológico de uma comunidade a fim de controlar a infecção e prever possíveis surtos epidemiológicos. Quando a patologia afeta toda a humanidade simultaneamente, é considerada uma pandemia(4).