Construção de categorias/lugares para a loucura em relatos de usuários de CAPS
Construction of categories/places for madness in the reports of users of psychosocial care centers
Construcción de categorías/lugares para la locura en relatos de usuarios del CAPS

Psicol. ciênc. prof; 41 (spe4), 2021
Publication year: 2021

Este artigo objetiva investigar as categorias mobilizadas discursivamente por usuários de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS I) para nomearem a si próprios e construírem lugares sociais para si e para as demais pessoas em sofrimento psíquico. Fundamentado na psicologia social discursiva, realizou-se uma pesquisa qualitativa em que se fez uso da observação participante e das rodas de conversa como recursos metodológicos. Os relatos foram submetidos à análise de discurso. Para evitar o uso de categorias excludentes como "louco" ou "loucura" e se posicionando na categoria "normais", os usuários utilizaram categorias como "deficientes", "trauma" e "doença psicológica". Os participantes da pesquisa definiram a si mesmos como pessoas que levam para a vida toda uma "mancha", o estigma da "loucura", vivenciado nos espaços onde circulam. Apesar disso, em seus relatos, tentaram se apresentar como pessoas iguais às outras, que adoecem e vivem, e que podem circular por vários lugares, não apenas nos hospitais, nos CAPS ou em outros serviços de saúde. Concluiu-se que, com evidente habilidade retórica, os usuários utilizaram categorias discursivas para compreender sua situação e, ao mesmo tempo, combater o processo de estigmatização a que estão submetidos.
This article aims to investigate the categories mobilized in the discourse of users of a Psychosocial Care Center (CAPS I) to refer to themselves and the social places constructed for them and for other persons in psychological distress. This qualitative research was conducted through participant observation and conversation circles in the light of discursive social psychology. The reports underwent discourse analysis. To avoid the use of excluding categories such as "crazy" and "craziness" while placing themselves within the "normal" category, participants used categories such as "disabled," "trauma," and "psychological illness." The participants also defined themselves as people who carry a "stain" for life, which evinces the presence of a stigma related to "madness" experienced in the spaces where they circulate. Despite this, CAPS users tried to depict themselves as people like others - who get sick, live, and can circulate in various places besides hospitals, CAPS, or other health services. The results indicate that participants employed discursive categories with evident rhetorical ability to understand their situation while combating the stigmatization process that acts upon them.
Este artículo tiene como objetivo investigar las categorías movilizadas discursivamente por los usuarios de un Centro de Atención Psicosocial (CAPS I), para nombrarse a sí mismos y los lugares sociales que construyen para ellos y para otras personas con problemas psicológicos. Con base en la psicología social discursiva, se llevó a cabo una investigación cualitativa, en la cual los círculos de observación y conversación de los participantes se utilizaron como recursos metodológicos. Los informes fueron sometidos a análisis del discurso. Los usuarios utilizaron categorías como "discapacitado", "trauma" y "enfermedad psicológica" para evitar el uso de categorías excluyentes como "loco" o "locura", poniéndose en la categoría "normal". Además, se definieron a sí mismos como personas que llevan una "mancha" de por vida, lo que marca la presencia del estigma de la "locura" que experimentan en los espacios donde circulan. A pesar de esto, en sus informes, intentaron presentarse como las demás personas, que se enferman y viven y pueden circular en varios lugares, no solo en hospitales, CAPS u otros servicios de salud, sino más allá de ellos. Se concluye que, con evidente capacidad retórica, los usuarios utilizaron categorías discursivas para comprender su situación y, al mismo tiempo, para combatir el proceso de estigmatización al que se someten.

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