Fobia infantil: do transtorno psiquiátrico à resposta sintomática na psicanálise
Child phobia: from the psychiatric disorder to the symptomatic response in psychoanalysis
Fobia infantil: del trastorno psiquiátrico a la respuesta sintomática en el psicoanálisis
Psicol. rev. (Belo Horizonte); 25 (3), 2019
Publication year: 2019
Este artigo propõe uma discussão em torno da abordagem psicanalítica do sintoma fóbico em contraposição à forma como a fobia é abordada pela Psiquiatria, mais especificamente no DSM-V, e as implicações dessas abordagens para a clínica com crianças. Mesmo não tendo conduzido a análise de crianças, Freud lança as bases para tal prática, ao reconhecer que as experiências infantis geram angústia, inclusive neuroses. Em Psicanálise, privilegia-se a escuta do sujeito, ainda que em tenra idade, algo ilustrado com destreza pelo caso do Pequeno Hans. Por outro lado, a noção psiquiátrica de transtorno barra a participação do sujeito na elaboração daquilo que lhe é mais singular, seu sofrimento. Dessa forma, a discussão aqui proposta busca pensar as consequências, para a clínica com crianças, de se tratar a fobia como um transtorno do qual o sujeito precisa se ver livre, recusando o valor de verdade do sintoma.
This paper discusses the psychoanalytical approach of the phobic symptom, in comparison to the way phobia is approached by psychiatry, more specifically in the Diagnostic and Statistical Manual of Mental DisordersV (DSM-V, and the effects these approaches have on the clinic for children. Even though Freud did not carry out the analysis of children, he set the basis for this practice by stating that childhood experiences can be the source of anguish and even neurosis. In psychoanalysis, listening to the subject is paramount, even in early childhood; that is what the case of "Little Hans" illustrates. On the other hand, the psychiatric notion of disorder prevents the subject from taking part in the process of dealing with his own suffering. The present discussion seeks, therefore, to reflect upon the consequences, for the clinic with children, of treating the symptom of phobia as a disorder from which the subject needs to be set free, denying its value of truth.