Reflexões sobre a coleta do quesito raça/cor na Atenção Básica (SUS) no Sul do Brasil
Reflections on the collection of the issue of race/color in the Basic Care (SUS) in the south of Brazil

Saúde Soc; 30 (2), 2021
Publication year: 2021

Resumo Este artigo analisa a forma e os efeitos da coleta do quesito raça/cor na pesquisa "Racismo, relações de saber-poder e sofrimento psíquico". A pesquisa foi realizada em uma parceria entre as Universidades Federais do Rio Grande do Sul e de Pelotas e as Secretarias Municipais de Saúde de Porto Alegre e de Pelotas, com foco na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de uma pesquisa elaborada em conjunto com profissionais da rede. O referencial teórico-metodológico se sustenta na psicologia social e na pesquisa-intervenção. Foram entrevistados(as) 580 usuários(as) e realizados 11 grupos focais com usuários(as) e profissionais da saúde. Os resultados apontam que 53% dos(as) usuários(as) entrevistados(as) se autodeclararam negros(as), corroborando outros estudos que demonstram que os(as) usuários(as) do SUS são majoritariamente negros(as). Na análise dos grupos focais, identificamos três aspectos principais: (1) existe a dificuldade em perguntar/responder a autodeclaração racial; (2) o racismo se expressa na coleta do quesito raça/cor; (3) os(as) profissionais de saúde têm dificuldade em reconhecer a utilidade do quesito raça/cor. Assim, é preciso fortalecer as práticas de educação continuada sobre as relações entre racismo e saúde.
Abstract This article analyzes the form and effects of collecting information on race/color in the research "Racism, knowledge-power relations and psychological suffering". The research was carried out in a partnership between the Federal Universities of Rio Grande do Sul and Pelotas and the Municipal Health Departments of Porto Alegre and Pelotas, focused on the Basic Care of the Unified Health System (SUS). This is a research developed in conjunction with health professionals. The theoretical-methodological framework is based on social psychology and research-intervention. In total, 580 users were interviewed, and 11 focus groups were held with users and health professionals. The results show that 53% of the interviewed users declared themselves as black, corroborating other studies that demonstrate that SUS' users are mostly black. In the analysis of the focus groups, we identified three main aspects: (1) there is a difficulty in asking/answering the racial self-declaration; (2) racism is expressed in the collection of information on race/color; (3) health professionals find it difficult to recognize the usefulness of the race/color item for health practices. Thus, it is necessary to strengthen continuous education practices on the relation between racism and health.

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