Prevalência de automedicação para sintomas dispépticos na atenção primária
Prevalence of self-medication for dyspeptic symptoms in primary care: a brazilian survey

Arq. gastroenterol; 58 (3), 2021
Publication year: 2021

ABSTRACT BACKGROUND:

Dyspeptic symptoms are among the eight symptoms that most lead to the use of self-medication globally.

OBJECTIVE:

The aim of the present study was to evaluate the frequency of use and profile of the population doing self-medication to control dyspeptic symptoms in a capital from South Brazil.

METHODS:

Application of a survey consisting of topics regarding individual's socio-cultural data, self-reported comorbidities, use of self-medication in the 15 days prior to the interview and information on the use of this medication. Statistical analysis was performed on the data collected to determine the prevalence of self-medication for dyspeptic symptoms (SMDS) and to establish correlations with independent factors, such as gender, age, body mass index (BMI), education, family income and self-reported comorbidities.

RESULTS:

A total of 719 individuals from the public health system were interviewed. Overall, 67.7% were female, 65.3% had a BMI greater than 25; 28.4% presented with self-reported hypertension, 21.4% with depression and 13.8% with diabetes. The prevalence of self-medication to control digestive symptoms in this population was 28.7% (95%CI: 25.3-32), 91.8% (n=189) due to complaints of dyspeptic origin. Proton pump inhibitors were the most used class of medication (67%), followed by antacids (15%). There was a relationship between SMDS and age >38 years (OR=1.734, 95%CI: 1.177-2.580, P=0.001), BMI >26 (OR=1.660, 95%CI: 1.166-2.362, P<0.001) and self-reported depression (OR=1.471, 95%CI: 0.983-2.201, P=0.04).

CONCLUSION:

There was a higher prevalence of the use of self-medication to control dyspeptic symptoms in relation to previous data from the literature. Age >38 years, BMI >26 and self-reported depression were associated with SMDS.

RESUMO CONTEXTO:

Os sintomas dispépticos estão entre os oito sintomas que mais levam uso de automedicação.

OBJETIVO:

O presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência e o perfil da população que utiliza automedicação para controle dos sintomas dispépticos em uma capital do Sul do Brasil.

MÉTODOS:

Aplicação de inquérito composto por tópicos relativos aos dados socioculturais do indivíduo, comorbidades autorreferidas, uso de automedicação nos 15 dias anteriores à entrevista e informações sobre o uso deste medicamento. Foi realizada a análise estatística dos dados coletados para determinar a prevalência de automedicação para controle dos sintomas dispépticos e estabelecer correlações com fatores independentes, como sexo, idade, índice de massa corporal (IMC), escolaridade, renda familiar e comorbidades autorrelatadas.

RESULTADOS:

Foram entrevistados 719 indivíduos atendidos pela atenção primária. Destes, 67,7% de indivíduos do sexo feminino, 65,3% apresentavam IMC maior que 25 kg/m², 28,4% autorrelataram apresentar hipertensão arterial sistêmica, 21,4% depressão e 13,8% diabetes. A prevalência de uso de automedicação para controle de sintomas digestivos nesta população foi de 28,7% (n=206, IC95% 25,3-32), 91,8% (n=189) por queixas de origem dispéptica. A classe de medicação mais utilizada foi a dos inibidores de bomba de prótons (67%), seguidos dos antiácidos (15%). Houve relação entre o uso deste tipo de automedicação e idade maior de 38 anos (OR=1,734, IC95% 1,177-2,580, P=0,001), IMC acima de 26 kg/m² (OR=1,660, IC95% 1,166-2,362, P<0,001) e presença de autorrelato de depressão (OR= 1,471, IC95% 0,983-2,201, P=0,04).

CONCLUSÃO:

O presente estudo revelou uma alta prevalência do uso de automedicação para controle dos sintomas dispépticos em comparação com dados da literatura, sendo os inibidores de bomba de prótons a classe de droga mais utilizada. Idade maior que 38 anos, índice de massa corporal maior 26 kg/m² e autorrelato de depressão foram associados ao uso de automedicação para sintomas dispépticos.

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