Microeliminação da hepatite C na população carcerária: realmente possível?
Micro-elimination of hepatitis c in the incarcerated population: is it really possible?
Arq. gastroenterol; 58 (3), 2021
Publication year: 2021
ABSTRACT According to the World Health Organization, 71 million people live with chronic hepatitis C. The treatment of this disease requires assistance from specialized physicians and a highly complex health care system. The prison population has been recognized as being at a high risk of acquiring confinement-related infections, including viral hepatitis. Hepatitis C virus (HCV) infection is a primary cause of death owing to liver disease among liberty-deprived individuals. Generally, prisons do not have adequate isolation wards for persons with communicable diseases, and overcrowding is a risk factor for this population. Besides prison overcrowding, violence, poor sanitary conditions, low socioeconomic status, social isolation, and emotional instability are factors that can lead detainees to adopt unhealthy habits that make them more susceptible to infections, including HCV, and complicate effective treatment. The Criminal Execution Law 7, 210 of July 11, 1984, in Article 14, grants preventive and curative medical, dental, and pharmacological healthcare to detainees. However, adequate hepatitis C treatment is rarely provided at prisons owing to social stigma and lack of knowledge on the severity of this condition or because most detainees are unaware of their condition. Given the multiple limitations imposed by the prison system model, implementing measures to treat diseases effectively is challenging. However, it is possible to eliminate hepatitis C in prisons in the long term through the coordinated action of public health institutions and the prison system.
RESUMO De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 71 milhões de pessoas vivem com hepatite C crônica. O tratamento dessa doença requer assistência de médicos especializados e um sistema de saúde de alta complexidade. A população carcerária tem sido reconhecida como sendo de alto risco de adquirir infecções relacionadas às condições de confinamento, incluindo hepatites virais. O vírus da hepatite C (VHC) é uma causa primária de morte por doença hepática em pessoas privadas de liberdade. Geralmente, as prisões não possuem locais adequados para isolamento de pessoas com doenças transmissíveis e a superlotação é um fator de risco para essa população. Além da superlotação das prisões, violência, más condições sanitárias, baixo nível socioeconômico, isolamento social e instabilidade emocional são motivos adicionais que induzem os detidos a praticar hábitos não saudáveis, que os tornam mais suscetíveis a certas infecções (incluindo VHC) e complicam o tratamento específico. A Lei de Execução Penal n. 7.210, de 11 de julho de 1984, em seu artigo 14, garante assistência preventiva e curativa à saúde, incluindo assistência médica, farmacêutica e odontológica aos detidos. No entanto, o tratamento adequado da hepatite C é raramente fornecido nas prisões devido estigma social ou falta de conhecimento de sua condição ou porque a maioria dos detidos não tem conhecimento de sua condição. Devido a múltiplas limitações impostas pelo modelo prisional, a implementação de medidas para o tratamento eficaz de doenças é desafiadora. No entanto, é possível eliminar a hepatite C em um ambiente prisional de longa permanência através de ações coordenadas de instituições de saúde pública e o sistema prisional.