Sexualidade e estigma na saúde: uma análise da patologização da diversidade sexual nos discursos de profissionais da rede básica
Sexuality and stigma in health: an analysis of the pathologization of sexual diversity in the discourses of primary care professionals

Physis (Rio J.); 31 (1), 2021
Publication year: 2021

Resumo Investigamos conteúdos estigmatizantes nos discursos de médicos(as) e enfermeiros(as) sobre a saúde da população LGBTT em 32 unidades básicas de saúde do Centro-Oeste e Nordeste brasileiros. Partindo das noções de scientia sexualis em Foucault e de estigma em Goffman, analisamos a influência da patologização da sexualidade na racionalidade desses profissionais, enquanto geradores de discursos e posturas estigmatizadores que interferem na qualidade da atenção à saúde desta população. O resultado permitiu verificar que para os(as) entrevistados(as) a identidade dos membros da população LGBTT está vinculada ao conceito de grupo de risco, compreendida como uma condição causadora de doença e transtornos mentais, além de estar associada a comportamentos moralmente condenáveis. O estudo aponta para a necessidade de processos inovadores na formação profissional que busquem problematizar a racionalidade estruturante do processo estigmatizador, com vistas a qualificar a atenção.
Abstract We investigated stigmatizing content in the discourse of doctors and nurses about the health of the LGBTT population in 32 basic health units in the Midwest and Northeast of Brazil. Based on the notions of scientia sexualis in Foucault and stigma in Goffman, we analyze the influence of the pathologization of sexuality on the rationality of these professionals, as generators of stigmatizing discourses and postures that interfere in the quality of healthcare in this population. The result allowed us to verify that, for the interviewees, the identity of the members of the LGBTT population is linked to the concept of a risk group, understood as a condition that causes illness and mental disorders, in addition to being associated with morally reprehensible behavior. The study points to the need for innovative processes in professional training that seek to problematize the structuring rationality of the stigmatizing process, with a view to qualifying care.

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