Papéis de gênero e divisão das tarefas domésticas segundo gênero e cor no Brasil: outros olhares sobre as desigualdades
Gender roles and division of domestic work by gender and race in Brazil: other views on inequalities
Roles de género y división de tareas domésticas según género y raza en Brasil: otros puntos de vista sobre las desigualdades

Rev. bras. estud. popul; 38 (), 2021
Publication year: 2021

A adesão ao modelo tradicional de família nunca foi uniforme. Estudos sobre famílias negras nos EUA e no Caribe, por exemplo, mostram que as mulheres negras são menos propensas do que as brancas a oficializarem o casamento, são menos dependentes dos seus cônjuges e, do ponto de vista das atitudes, homens e mulheres afro-americanos tendem a ser mais tolerantes com mães que trabalham e mais igualitários em relação aos papéis de gênero. As diferenças são atribuídas aos constrangimentos socioeconômicos experimentados historicamente e às saídas construídas para lidar com eles. E no Brasil? O artigo aplica modelos de regressão linear múltipla para analisar os dados do survey Gênero, Família e Trabalho a partir das percepções em relação aos papéis de gênero, às práticas de divisão do trabalho doméstico entre os membros do casal e ao conflito na articulação trabalho reprodutivo (casa) e trabalho remunerado (trabalho) segundo gênero e raça. Os resultados apontam que, em relação às percepções sobre os papéis de gênero, as mulheres brancas são as mais igualitárias. Essa adesão cresce com a escolaridade e diminui com maior número de filhos e presença de cônjuge. Já os homens negros são os menos igualitários e essa assimetria é reduzida pela idade e maior número de filhos. Na divisão do trabalho, os homens negros são os mais igualitários e a adesão à igualdade aumenta com a escolaridade e com percepções mais igualitárias de papéis de gênero, enquanto as mulheres negras reportam relações menos simétricas, mas a simetria cresce com a escolaridade. Quanto ao conflito casa-trabalho, as mulheres negras declaram mais cansaço do que as brancas, mas este se reduz com a escolaridade e a presença de cônjuge.
Adherence to the traditional family model has never been uniform. Studies of black families in the US show that black women are less likely than white women to officiate marriage, less dependent on their spouses, and regarding their attitude, African American men and women tend to be more tolerant of mothers who work and are more egalitarian in relation to gender roles. Differences are attributed to the socioeconomic constraints experienced historically and to the solutions built to deal with them. But what about Brazil? The article analyzes data from the Gender and Family survey regarding perceptions in relation to i) gender roles, ii) practices of division of domestic work among members of the couple and iii) conflict in the articulation between paid and unpaid work according to gender and race. Results show that white women have more equality and this adherence increases with schooling and decreases with a greater number of children and the presence of a spouse. Moreover, black men are the least egalitarian and this asymmetry is reduced by age and a greater number of children. Regarding division of labor, black men are the most egalitarian and adherence to equality increases with schooling and with more egalitarian perceptions of gender roles; whereas black women report less symmetrical relationships, but symmetry grows with schooling. In relation to the home-work conflict, black women declare more tiredness, but this decreases with schooling and the presence of a spouse.
La adhesión al modelo familiar tradicional nunca ha sido uniforme. Los estudios sobre familias negras en los Estados Unidos muestran que las mujeres negras son menos propensas que las mujeres blancas a casarse, son menos dependientes de sus cónyuges y, desde el punto de vista de la actitud, los hombres y las mujeres afroamericanas tienden a ser más tolerantes con las madres. quienes trabajan y son más igualitarios en relación con los roles de género. Las diferencias se atribuyen a las limitaciones socioeconómicas experimentadas históricamente y a las soluciones creadas para enfrentarlas. ¿Y en Brasil? El artículo analiza los datos de la Encuesta de Género y Familia a partir de las percepciones en relación con 1) los roles de género, 2) las prácticas de división del trabajo doméstico entre los miembros de la pareja y 3) el conflicto en la articulación entre el trabajo remunerado y no remunerado según el género y raza. Los resultados muestran que las mujeres blancas son las más iguales y esta adherencia crece con la escolaridad y se reduce con un mayor número de hijos y la presencia de un cónyuge, y que los hombres negros son los menos igualitarios y que esta asimetría se reduce por la edad y un mayor número de niños. En la división del trabajo, los hombres negros son los más igualitarios y la adhesión a la igualdad aumenta con la escolarización y con percepciones más igualitarias de los roles de género, y las mujeres negras reportan relaciones menos simétricas, y esa simetría crece con la escolarización. En relación con el conflicto del trabajo en el domicilio, las mujeres negras declaran más cansancio, pero esto se reduce con la escolarización y la presencia de un cónyuge.

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