O fatalismo no cotidiano da pobreza: do individualismo forjado ao horizonte coletivo
Fatalism in poverty's daily life: from a forged individualism to a collective horizon
Fatalismo en la vida cotidiana de la pobreza: del individualismo forjado al horizonte colectivo
Estud. psicol. (Natal); 26 (2), 2021
Publication year: 2021
O presente trabalho objetiva analisar como o fatalismo se manifesta no cotidiano de sujeitos que vivenciam a condição de pobreza. Foram realizadas 10 entrevistas semiestruturadas com sujeitos atendidos em um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de um município do estado de Minas Gerais. Apoiando-se, sobretudo, nas elaborações de Ignacio Martín-Baró, refletimos sobre o modo como a predominante resignação fatalista se forja por meio das estruturas desiguais e das ideologias estabelecidas e aprofundadas no cotidiano da pobreza. Os processos de naturalização da realidade social reforçados pelo imediatismo e precariedade da vida cotidiana sufocam os sentimentos de revolta, indignação e coletividade que insurgem, sendo estes, no geral, canalizados pela lógica meritocrática, individualista e religiosa. Torna-se, assim, importante a adoção de uma perspectiva histórica e dialética para compreendermos as possibilidades de ruptura com o fatalismo no âmbito da sociedade brasileira, de modo a superar as mazelas subjetivas e materiais produzidas na e pela ordem social vigente.
This paper aims to analyze how fatalism manifests itself in the daily life of those who live under poverty conditions. Ten semi-structured interviews were conducted with subjects who were attended at a Social Assistance Reference Center (CRAS) at a city in the Brazilian state of Minas Gerais. Based mainly on Ignacio Martín-Baró's elaborations, this study reflects on the way in which the predominant fatalistic resignation is forged through unequal structures and through ideologies established and deepened in poverty's daily life. Social reality's naturalization processes, reinforced by the immediacy and precariousness of everyday life, suppresses feelings of revolt, indignation and collectivity, which, in general, are channeled by a meritocratic, individualistic and religious logic. Thus, it is important to adopt a historical and dialectic perspective to understand the possibilities of breaking off with Brazilian society's fatalism, in order to overcome subjective and material problems produced in and by the current social order.
Este artículo tiene como objetivo analizar cómo se manifiesta el fatalismo en lo cotidiano de las personas que vivencian la condición de pobreza. Se realizaron 10 entrevistas semiestructuradas con sujetos atendidos en un Centro de Referencia de Asistencia Social (CRAS) de una ciudad del estado brasileño de Minas Gerais. Basados principalmente en las elaboraciones de Ignacio Martín-Baró, buscamos reflejar sobre la forma en que si presenta la resignación fatalista predominante mediante las estructuras e ideologías desiguales establecidas y profundizadas en lo cotidiano de la pobreza. Los procesos de naturalización de la realidad social están reforzados por la inmediatez y la precariedad de la vida cotidiana y impeden los sentimientos de revuelta, indignación y colectividad que emergen, en general, siendo canalizados por la lógica meritocrática, individualista y religiosa. Por lo tanto, es importante adoptar una perspectiva histórica y dialéctica para comprender las posibilidades de romper con el fatalismo en el contexto de la sociedad brasileña, buscando superar los problemas subjetivos y materiales producidos por la orden social actual.