Fatores associados com o declínio funcional em uma unidade de terapia intensiva: estudo prospectivo sobre o nível de atividade física e os fatores clínicos
Factors associated with functional decline in an intensive care unit: a prospective study on the level of physical activity and clinical factors

Rev. bras. ter. intensiva; 33 (4), 2021
Publication year: 2021

RESUMO Objetivo:

Identificar os fatores associados com o declínio do estado funcional em pacientes na unidade de terapia intensiva.

Métodos:

Foram incluídos neste estudo prospectivo pacientes com idade de 18 anos ou mais, sem doença neurológica ou contraindicações para mobilização, internados em uma unidade de terapia intensiva. Os critérios para exclusão foram pacientes com permanência na unidade de terapia intensiva inferior a 4 dias, ou com óbito durante o período do estudo. A avaliação do nível de atividade física dos pacientes foi realizada com acelerometria. Registraram-se idade, escore segundo o SAPS 3, dias de ventilação mecânica, fármacos utilizados, comorbidades e estado funcional por ocasião da alta da unidade de terapia intensiva. Segundo seu estado funcional na alta da unidade de terapia intensiva, os pacientes foram designados para os grupos "dependentes" ou "independentes", segundo seu índice na escala de Barthel. As análises foram realizadas com regressão logística e cálculo da razão de chance.

Resultados:

Dos 112 pacientes incluídos, 63 foram atribuídos ao grupo "dependentes". O índice de comorbidade de Charlson mediano foi de 3 (2 - 4). O SAPS 3 médio foi de 53 ± 11. Os pacientes permaneceram 94 ± 4% do tempo na unidade de terapia intensiva em condições de inatividade e 4,8 ± 3,7% em atividades leves. As análises de razão de chance mostraram que idade (RC = 1,08; IC95% 1,04 - 1,13) e tempo de inatividade (RC =1,38; IC95% 1,14 - 1,67) foram fatores associados ao declínio funcional. O tempo em atividades leves se associou com melhor estado funcional (RC = 0,73; IC95% 0,60 - 0,89).

Conclusão:

Idade e tempo em inatividade durante a internação na unidade de terapia intensiva se associaram com declínio do estado funcional. Por outro lado, a realização de atividades leves parece preservar a condição funcional dos pacientes.

ABSTRACT Objective:

To identify the factors associated with functional status decline in intensive care unit patients.

Methods:

In this prospective study, patients in an intensive care unit aged 18 years or older without neurological disease or contraindications to mobilization were included. The exclusion criteria were patients who spent fewer than 4 days in the intensive care unit or died during the study period. Accelerometry was used to assess the physical activity level of patients. We recorded age, SAPS 3, days on mechanical ventilation, drugs used, comorbidities, and functional status after intensive care unit discharge. After intensive care unit discharge, the patients were assigned to a dependent group or an independent group according to their Barthel index. Logistic regression and the odds ratio were used in the analyses.

Results:

Sixty-three out of 112 included patients were assigned to the dependent group. The median Charlson comorbidity index was 3 (2 - 4). The mean SAPS 3 score was 53 ± 11. The patients spent 94 ± 4% of the time spent in inactivity and 4.8 ± 3.7% in light activities. The odds ratio showed that age (OR = 1.08; 95%CI 1.04 - 1.13) and time spent in inactivity (OR = 1.38; 95%CI 1.14 - 1.67) were factors associated with functional status decline. Time spent in light activity was associated with a better functional status (OR = 0.73; 95%CI 0.60 - 0.89).

Conclusions:

Age and time spent in inactivity during intensive care unit stay are associated with functional status decline. On the other hand, performing light activities seems to preserve the functional status of patients.

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