A pandemia de Covid-19 como justificativa para ações discriminatórias: viés racial na seletividade do direito a acompanhante ao parto
The COVID-19 pandemic as a justification for discriminatory actions: racial bias in the selectivity of the right to a companion during childbirth
La pandemia del Covid-19 como justificación de acciones discriminatorias: sesgo racial en la selectividad del derecho a un acompañante en el parto

Trab. Educ. Saúde (Online); 20 (), 2022
Publication year: 2022

Resumo Este artigo tem como objetivo analisar um subproduto inesperado encontrado na pesquisa de dissertação de mestrado intitulada A cor da violência obstétrica. Chamou a atenção dentre os dados levantados nas entrevistas que 86% das mulheres brancas puderam ter acompanhante de livre escolha em algum momento da internação para o parto. Entre as negras entrevistadas, somente 33% obtiveram autorização para exercer este mesmo direito garantido pela lei nº 11.108 de 2005. A justificativa utilizada pelos serviços de saúde para as mulheres que tiveram o direito a acompanhante negado foi a implementação de protocolos de controle e prevenção em relação à pandemia de Covid-19. Nas maternidades em que estas gestantes se internaram para o parto, não houve proibição irrestrita da presença de acompanhante durante a hospitalização. As instituições analisavam caso a caso. Esta avaliação subjetiva, sem critérios definidos, apresentou um viés racial na seletividade. Essas violações dos direitos das parturientes podem ser caracterizadas como racismo obstétrico.
Abstract This article aims to analyze an unexpected by-product found in the master's dissertation research entitled The color of obstetric violence. Among the data collected in the interviews, it was noteworthy that 86% of white women could have a companion of their own choice at some point during hospitalization for childbirth. Among the black women interviewed, only 33% were authorized to exercise this same right guaranteed by Law No. 11,108 of 2005. The justification used by the health services for women who were denied the right to a companion was the implementation of control and prevention protocols in regarding the COVID-19 pandemic. In maternity hospitals where these pregnant women were hospitalized for childbirth, there was no unrestricted prohibition on the presence of a companion during hospitalization. Institutions analyzed case by case. This subjective evaluation, without defined criteria, showed a racial bias in selectivity. These violations of the rights of parturient women can be characterized as obstetric racism.
Resumen Este artículo tiene como objetivo analizar un subproduto inesperado que se encontró en la investigación de una tesis de maestría titulada El color de la violencia obstétrica. Llamó la atención entre los datos recogidos en las entrevistas que el 86% de las mujeres blancas pudieron tener un acompañante de su elección en algún momento del internamiento para el parto. Entre las mujeres negras entrevistadas, solamente el 33% obtuvieron autorización para ejercer este mismo derecho garantizado por la Ley 11.108 de 2005. La justificativa utilizada por los servicios de salud para las mujeres que tuvieron negado el derecho a un acompañante fue la implementación de protocolos de control y prevención relacionados a la pandemia del Covid-19. En las maternidades donde estas gestantes se internaron para el parto, no hubo una prohibición irrestricta de la presencia de un acompañante durante la hospitalización. Las instituciones analizavan caso por caso. Esta evaluación subjetiva, sin criterios definidos, presentó un sesgo racial en la selectividad. Estas violaciones de los derechos de las parturientas se pueden caracterizar como racismo obstétrico.

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