Política e Conflito Psíquico: Uma Pergunta sobre o Desejo
Politics and Psychic Conflict: A Question about Desire
Política y Conflicto Psíquico: Una Pregunta sobre el Deseo
Estud. pesqui. psicol. (Impr.); 21 (1), 2021
Publication year: 2021
Neste artigo, será introduzido o debate acerca da condição do sujeito estruturalmente dividido enquanto ator político. Pensando a política pelo prisma da ação, encontramo-nos com a pergunta kantiana: "Que devo fazer?". Diante dela, o sujeito desejante se vê embaraçado, tanto mais quanto maior for sua liberdade para decidir. A tentativa kantiana de instituir uma Lei universal como princípio ético da ação desvia a orientação da política do caminho da liberdade e entrega o seu destino aos ditames do Supereu. As consequências desse desvio se verificam em diferentes sistemas políticos e ratificam a afirmação de Lacan, segundo a qual a pergunta pelo que fazer não pode ser feita senão por aquele cujo desejo que se apaga. Se a pergunta acerca do que fazer continua ressoando para os sujeitos enquanto agentes políticos, o modo como decidem exibe, no conflito, a marca imposta pelo seu desejo. A psicanálise, de Freud a Lacan, vem ao auxílio dessa investigação, no diálogo com a filosofia moderna e a ciência política. Resta a pergunta se, diante do conflito, que testemunha a divisão do sujeito, o desejo, poderia ser, ele mesmo, o fio condutor da ação. (AU)
In this article the debate about the condition of the structurally divided subject as a political actor will be introduced. As we think about politics from the perspective of the action, we find ourselves with the Kantian question: "What ought I do?" Before this question, the desiring subject finds oneself embarrassed. One finds oneself more embarrassed the greater is its liberty to decide. The Kantian effort to institute a universal Law as an ethical principle of the action changes the political orientation from the way of liberty and passes its destiny for Superego's rule. The consequences of this change is verifiable in different political systems and ratifies the assertion of Lacan, according to which the question about what to do cannot be made except for those whose desire is fading. Then, if the question about what to do continues to resonate for these subjects, as political agents, their decisions show, by the conflict, the mark imposed by desire. Freud's and Lacan's psychoanalysis helps us in this investigation on a dialog with modern philosophy and political science.
One question remains:
whether desire itself could be, in spite of the conflict that denounces the subject's division, thread of the action. (AU)
En este artículo, proponemos reflexionar sobre la condición del sujeto estructuralmente dividido como actor político.