A clínica psicológica como um espaço de desvelamento das desigualdades sociais
La clínica psicológica como un espacio para desvelar las desigualdades sociales
The clinical psychology as a space of revelation of social iniquities
Psicol. Estud. (Online); 27 (), 2022
Publication year: 2022
RESUMO. Este estudo pretende colocar a clínica psicológica como um espaço de desvelamento das desigualdades sociais a partir da escuta de sujeitos excluídos através de plantões psicológicos. Percebe-se uma lacuna na literatura especializada em psicologia clínica que, geralmente, não vincula processos clínicos e processos psicossociais, mantendo um discurso hegemônico que pouco articula o psicológico, o social e o político. A Teoria Fundamentada nos dados, metodologia de natureza qualitativa, foi adotada nesse estudo. Através da análise qualitativa de diários de campos produzidos a partir de atendimentos do tipo plantão psicológico, foram geradas categorias que apontam para a fragilidade dos laços familiares e comunitários, os sofrimentos de ser tratado como inferior e a necessidade de ampliações de práticas clínicas com pessoas excluídas. As precariedades materiais e simbólicas vividas pelos sujeitos excluídos são reproduzidas nas suas redes relacionais e comunitárias como violências, opressões e vínculos fragilizados. A inclusão no lugar da inadequação e da inferioridade excluem os sujeitos da possibilidade de se perceberem como dignos e capazes de contribuir com a sociedade, gerando um apagamento de si mesmo. Houve a necessidade de uma prática clínica ampliada que levasse em consideração as vivências específicas de pessoas excluídas e que pudesse produzir novos encontros e novos afetos como contraponto às desqualificações cotidianamente recebidas. Na escuta de sujeitos de classes populares a equipe buscou sustentar a complexidade presente nos sofrimentos, focalizando não só suas questões subjetivas, mas também a produção social e histórica de suas vulnerabilidades.
RESUMEN. Este estudio pretende incluir la clínica psicológica como un espacio para desvelar las desigualdades sociales a través de la escucha de sujetos excluidos con planton psicológico. Se percibe una ausencia en la literatura especializada en psicología clínica que, en general, no vincula procesos clínicos y procesos psicosociales, manteniendo un discurso hegemónico que poco articula problemas psicológicos, sociales y políticos. En este estudio se adoptó la Teoría Fundamentada, una metodologia cualitativa. Através del análisis cualitativo de los registros producidos com el material do planton psicológico, se generaron categorias que apuntan a la fragilidad de los lazos familiares y comunitarios, los sufrimientos de ser tratados como inferiores y la necesidad de ampliar las práticas clínicas con personas excluidas. La precariedad material y simbólica vivida por los sujetos excluidos se reproduce en sus redes relacionales y comunitarias como violencia, opresión y vínculos debilitados. La inclusión en lugar de inadecuación e inferioridad excluye a los sujetos de la posibilidad de percibirse a si mismos como dignos y capaces de contribuir a la sociedad, generando un debilitamiento de si mismos. Se notó la necesidad de una prática clínica ampliada que consideran las vivencias específicas de las personas excluidas y que puede producir nuevos encuentros y nuevos afectos como contrapunto a las descalificaciones diarias recibidas. En la escucha de sujetos de clases populares el equipo buscó sostener la complejidad presente en los sufrimientos, enfocando no sólo sus cuestiones subjetivas, sino también la producción social e histórica de sus vulnerabilidades.
ABSTRACT This study intends to place the psychological clinic as a space for unveiling social inequalities by listening to excluded subjects through the psychological on-call sessions. There is a gap in the specialized literature in clinical psychology that, generally, does not link clinical processes and psychosocial processes, maintaining a hegemonic discourse that barely articulates the psychological, social and political issues. The Grounded Theory, as a qualitative-interpretative methodology, was adopted in this study. The qualitative analysis of field diaries produced based on the psychological on-call sessions generated categories that point to the fragility of family and community bonds, the sufferings of being treated as inferior, and the need to expand clinical practices with excluded people. The material and symbolic precariousness experienced by excluded subjects are reproduced in their relational and community networks as violence, oppression and weakened bonds. Inclusion in place of inadequacy and inferiority excludes people from the possibility of perceiving themselves as worthy and capable of contributing to society, generating an erasure of themselves. There was a need for an expanded clinical practice that considered the specific experiences of excluded subjects, which could produce new encounters and affections as a counterpoint to the disqualifications received daily. In listening to popular classes people, the research team sought to sustain the complexity present in sufferings, focusing not only on their subjective issues but also on the social and historical production of their vulnerabilities.
Violencia/psicología, Psicología Clínica, Aislamiento Social/psicología, Relaciones Familiares/psicología, Distrés Psicológico, 34658, Consumidores de Drogas/psicología, Trastornos Relacionados con Sustancias/psicología, Servicios de Salud Mental, Marginación Social/psicología, Factores Socioeconómicos, Psicología