Experiência de estudantes e preceptores do internato de medicina no atendimento à pessoa com comportamento suicida
Students and preceptors experience in a medical internship attending the person with suicidal behavior
Rev. APS; 24 (Supl 1), 2021
Publication year: 2021
A relação médico-paciente nasce imersa na cultura e carrega construções que refletem valores de ambos os envolvidos.A clínica centrada na pessoa tem um dos pilares na empatia, que também abre caminho para envolvimento afetivo e juízos. No atendimento à pessoa com comportamento suicida,questões da relação médico-paciente parecem potencializadas. O ensino do tema se dá principalmente pela psiquiatria e se reflete no cuidado. Este artigo é resultado de um estudo qualitativo desenvolvido a partir de entrevistas com estudantes e preceptores do internato de emergência em uma Unidade de Pronto Atendimento de Curitiba. Os resultados mostraramque questões estruturais, afetivas, juízos, articulação da rede etc. impactam no manejo e no cuidado oferecido e que um lugar secundário é dado à escuta, à privacidade e à autonomia. Diante da alta demanda, poucos profissionais identificam a importância da urgência e da emergência na linha de cuidado do comportamento suicida. Modelos de relação aprendidos e reproduzidos, a falta de espaço de discussão das emoções envolvidas nesses atendimentos e de conceitos como acolhimento, integralidade, medicina centrada na pessoa e cuidado compartilhado também estão presentes. A articulação da rede praticamente não incluiu a Atenção Básica. O ambiente de formação, em uma perspectiva positiva, pode ser um pontoimportante para a quebra desse ciclo.
The doctor-patient relationship is born in culture and reflects the values of both. Patient-centered care is builton empathy pillars that allow for affection and better judgments. In the care of a person with suicidal behavior, issues may arise from the doctor-patient relationship. Psychiatrists are the ones who teach this topic in medical schools and are the ones todetermine the model of care. This qualitative research interviewed students and preceptors from internships in emergency care units located in Curitiba-PR. The results show matters related to structural weaknesses, affections, judgments, and training gapsthat impact the offered care. A secondary role is given to listening, privacy, or autonomy. Even with high demand, professionals do not identify the role of the emergency department in providing care for suicidal behavior. Learned and reproduced relationship models, a lack of space to discuss emotions, and a deficit in basic concepts such as user embracement, comprehensiveness, person-centered medicine, and integrality in health are also present in the results. Health network articulation practically did not include primary care. The medical student training environment, in a positive perspective, can be an important point for breaking this cycle.