Rev. Assoc. Méd. Rio Gd. do Sul; 65 (2), 2021
Publication year: 2021
RESUMO
Introdução:
Constipação funcional (CF) é um distúrbio gastrointestinal muito comum, é de fácil diagnóstico e manejo. Este estudo
objetiva avaliar a prevalência de CF em crianças atendidas em serviço especializado, o perfil clínico, os tratamentos instituídos e seus
desfechos. Método:
estudo transversal de pacientes com CF atendidos de outubro/2012 a abril/2018 em ambulatório de gastroenterologia pediátrica. Coletados dados clínico-epidemiológicos, do manejo prévio, número de consultas até o diagnóstico pela equipe,
resposta ao tratamento, e desfecho. Resultados:
Observou-se prevalência de 15,7%, sendo 50,6% na idade escolar, 60,7% em meninos. Fezes endurecidas ou dor/esforço evacuatório (86,5%) e fezes volumosas (48,3%) foram as manifestações mais observadas;
em 77,8% dos pacientes o tempo de sintomas até a primeira consulta foi superior a um ano; 74,2% dos pacientes já haviam recebido
algum tipo de tratamento, principalmente laxativos osmóticos (53,9%); mas 25,8% dos pacientes não receberam qualquer tratamento
até a consulta especializada. Em 62% foi necessária uma consulta para o diagnóstico de CF. Apenas 7% responderam exclusivamente
à mudança dietética, mas 87% necessitaram laxativos osmóticos. A alta ambulatorial foi possível na grande maioria dos pacientes.
Conclusões:
CF é altamente prevalente no ambulatório estudado. Muitos pacientes com longo tempo de evolução e tratamentos ineficazes, e quase metade referenciados de outros municípios. No entanto, a maioria foi diagnosticada e manejada em até duas consultas
pela equipe especializada, e responderam prontamente ao laxante osmótico. Isto demonstra deficiência na abordagem da CF pelos
profissionais da atenção primária da nossa região, gerando encaminhamentos desnecessários, apesar do diagnóstico e manejo simples.
PALAVRAS-CHAVE: Constipação intestinal, criança, prevalência, gastroenterologia, terapêutica
ABSTRACT
Introduction:
Functional constipation (FC) is a very common gastrointestinal disorder that is easy to diagnose and manage. This study aims to assess the
prevalence of FC in children seen at a specialized service, the clinical profile, the treatments instituted and their outcomes. Method:
A cross-sectional study
of patients with FC treated from October, 2012 to April, 2018 in a pediatric gastroenterology clinic. Clinical and epidemiological, previous management,
number of consultations until diagnosis by the team, response to treatment, and outcome data were collected. Results:
There was a prevalence of 15.7%,
with 50.6% in school age, 60.7% in boys. Hard stools or pain/defecation effort (86.5%) and bulky stools (48.3%) were the most observed manifestations;
in 77.8% of patients, the duration of symptoms until the first consultation was greater than one year; 74.2% of patients had already received some type of
treatment, mainly osmotic laxatives (53.9%); but 25.8% of patients did not receive any treatment until the specialist consultation. In 62%, an appointment
was necessary for the diagnosis of CF. Only 7% responded exclusively to dietary change, but 87% required osmotic laxatives. Outpatient discharge was
possible for the vast majority of patients. Conclusions:
FC is highly prevalent in the studied clinic. Many patients with long evolution time and ineffective treatments, and almost half referred from other cities. However, most were diagnosed and managed in up to two consultations by the specialized team, and
responded promptly to the osmotic laxative. This demonstrates a deficiency in the approach to FC by primary care professionals in our region, generating
unnecessary referrals, despite the simple diagnosis and management.
KEYWORDS:
Constipation, child, prevalence, gastroenterology, therapeutics