Infecção pelo sars-cov-2 e disfunção autonômica – labilidade pressórica na covid-19
Sars-cov-2 infection and autonomic dysfunction - pressure liability at covid-19

Rev. bras. hipertens; 29 (1), 2022
Publication year: 2022

Homem de 53 anos, hipertenso e portador de bronquite, admitido em um serviço de urgência no dia 15 de dezembro de 2020 devido sintomas gripais, febre e cefaleia iniciados há oito dias. Após constatação de acometimento pulmonar importante mediante tomografia computadorizada (TC) de tórax, sugestivo de infecção pelo vírus SARS-CoV2, o paciente foi internado em unidade de terapia intensiva. Foi intubado no décimo dia de internação, e, dois dias após, evoluiu com labilidade pressórica importante, recorrendo ao uso de noradrenalina e nitroprussiato, além de outros anti-hipertensivos, conforme a necessidade. O quadro predominante foi a hipertensão arterial sistêmica, manifestada principalmente com a mudança de decúbito, sendo o maior valor pressórico registrado de 240x90 mmHg. A disautonomia também se manifestou por ausência de dejeções, sudorese excessiva e espasmos musculares. A frequência cardíaca se manteve estável e dentro dos parâmetros de normalidade.A partir do trigésimo dia de internação, observou-se melhora progressiva do quadro e reestabelecimento da homeostase. Obteve alta após 59 dias de internação, sem sequelas significativas. A explicação mais razoável para o caso é o aumento da resistência vascular periférica, por ação da angiotensina II, associada à supressão do sistema parassimpático, o que explica, também, a incompetência do barorreflexo para compensação da frequência cardíaca. Adicionalmente, o paciente estava em uso de carvedilol. Este caso enfatiza o desafio diagnóstico precoce da disautonomia em pacientes críticos, devido a carência de ferramentas adequadas para uso na prática cotidiana. A estimulação vagal pode constituir opção terapêutica eficaz, mas carece de mais estudos
A 53-year-old male, hypertensive and with bronchitis, was admitted to the emergency department on December 15, 2020 due to flu-like symptoms, fever and headache that started eight days ago. After finding significant lung involvement by chest computed tomography (CT) suggestive of SARS-CoV2 virus infection, the patient was admitted to the intensive care unit. He was intubated on the tenth day of hospitalization, and, 2 days later, he evolved with significant pressure lability, using norepinephrine and nitroprusside, in addition to other antihypertensive drugs, as needed. The predominant state was hypertension, expressed mainly when there is interference from the patient’s position in bed. The highest pressure value recorded was 240x90 mmHg. Dysautonomy was also manifested by the absence of stools, excessive sweating and muscle spasms. Heart rate remains stable and within normal limits. From the thirtieth day of hospitalization onwards, there was an evolution with progressive improvement and restoration of homeostasis. He was discharged after 59 days of hospitalization, without sequelae. The most reasonable explanation for the case is the increase in peripheral vascular resistance, due to the action of angiotensin II, associated with the suppression of the parasympathetic system, which also explains the incompetence of the baroreflex to compensate the heart rate. Additionally, the patient was using carvedilol. This case emphasizes the importance of tools that early identify dysautonomy, prepare the team. Vagal stimulation can be an effective therapeutic option, but further studies are needed

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